Centro de Skagen - Foto: David da Silva - 24.jul.2009 |
Para Jussanam Dejah
“Andei... Por andar, andei
E todo caminho deu no mar”
Dorival Caymmi
Dorival Caymmi
Na minha passagem pela Dinamarca (lá se escreve Danmark) fiquei na cidade de Hjørring. Um pouco longe e bem ao norte da capital Kopenhagen – na escrita deles: København (pronuncia-se gôbenrráun; significa: porto dos mercadores).
Depois de conhecer palmo a palmo toda a cidade de Hjørring (diz-se: iôrrin) recebi uma ordem do meu amigo Ove Krook. “Vamos para Skagen”, disse ele enquanto almoçávamos bifes de rena. Ove Krook é um marinheiro sueco aposentado de 76 anos, conhecedor dos sete mares. Para onde ele diz “vamos” eu vou.
Na manhã seguinte saímos de Hjørring pela estrada-de-ferro até Frederikshavn. Lá, pegamos outro trem, e a locomotiva embicou o narigão na direção do Polo Norte. Cerca de uma hora depois, chegamos.
Olhe pro mapa da Dinamarca.
Tá vendo aquele pinguelinho bem no topo da imagem?
Lá é Skagen.
Projeção de terra na península Jutlândia. Tinha uma aparência totalmente diferente na Era Viking. Sua forma de espeto recurvado é trabalho de séculos e séculos do transporte da areia pela água do mar rumo à costa. O maior “espeto” de terra do mundo: 30 km de comprimento. Migra, cresce continuamente na direção nordeste.
Meu amigo Ove Krook é autodidata. Um oceano de conhecimentos. “Aqui em Skagen a atividade humana começou por volta do ano 1.100. Virou uma cidade rica pela pesca e atividades de salvamento marítimo”, ensina meu velho lobo do mar.
É neste ponto que Dorival Caymmi embarca na nossa postagem.
O fascínio que vem do mar
Caymmi dedicou a maior e melhor parte da sua obra ao mar e seus pescadores. Não atingiu a condição humana quem ainda não ouviu o disco Dorival Caymmi e Suas Canções Praieiras.
Sua lembrança me invadiu viva, forte, quando entrei no Museu de Skagen. Ali era o Hotel Brøndum onde os pintores moravam. Das paredes do museu jorram os talentos de Peder Severin Krøyer, Oscar Björck, Carl Peter Lehmann, Christian Krohg, Johan Krouthén... E de Michael Ancher.
Casa de Michael e Anna Ancher Foto: David da Silva - 24.jul.2009 |
Michael gostava tanto da sua Anna, que este sentimento explode nas cores com que ele a pintou recostada lendo ou passeando na praia ou voltando do campo sobraçando flores... (vê a delícia de casa onde viviam)
Os Pintores de Skagen registraram cada minuto da vida (e também da morte) dos pescadores. Anna Ancher se dedicou a pintar cenas domésticas das esposas dos homens do mar. Na temporada que estive em Skagen o museu local estava com uma exposição (Eu, Anna) totalmente dedicada a ela.
Uma cervejada real
Ove Krook me contou que o rei da Dinamarca passa seus verões em Skagen. “Dane-se!”, pensei num desaforo republicano.
“Quando aqui era vila de pescadores, o rei entrava nas choupanas deles, ia nos barcos beber uns tragos com eles”, completou Ove Krook.
Daí, não teve jeito.
O rei enchendo a cara com humildes pescadores??? Puxei Ove Krook para o bar mais próximo, e nem liguei quando a moça cobrou 42 coroas dinamarquesas (R$ 15,00) cada caneca de cerveja.
Ove Krook me contou que o rei da Dinamarca passa seus verões em Skagen. “Dane-se!”, pensei num desaforo republicano.
“Quando aqui era vila de pescadores, o rei entrava nas choupanas deles, ia nos barcos beber uns tragos com eles”, completou Ove Krook.
Daí, não teve jeito.
O rei enchendo a cara com humildes pescadores??? Puxei Ove Krook para o bar mais próximo, e nem liguei quando a moça cobrou 42 coroas dinamarquesas (R$ 15,00) cada caneca de cerveja.
3 comentários:
Ta certo meu amigo David, fico com inveja de suas andanças pelo mares do Norte, acho ate que logo mais voce vai fazer parceria com o Amir , la no Parati II, não é, o Amir o nosso Pirata dos Mares, ai voce vai ter que ensinar duas coisas pros pes gelados , tomar caipirinha e bater um samba não é, coisa dificil pra um botequeiro do taboão
saudações
bagda
Êêêi, Bagdá... Você vai ver numa postagem que vou fazer semana que vem, que o samba já come solto lá na Finlândia.
E quanto a ensinar os gringos a beber, esqueça...
Eles já entornam álcool em quantidades industriais.
Saudações botequeiras taboanenses!
Que delicia de artigo David! E que linda dedicatória. Muitíssimo obrigada.
Beijos da Islandia,
Jussanam
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