Nos 42 dias que estive a trabalho na Finlândia, Suécia, Dinamarca e Noruega, me espantava mesmo quando os condutores estancavam suas máquinas mal eu me posicionava para transpor a pista.
Durante todas as minhas andanças por Helsinki, Oslo, Hjørring ou Göteborg, me lembei sempre do antropólogo Darcy Ribeiro. Quando senador, ele apresentou um projeto de lei destinado a proteger os pedestres da selvageria dos motoristas. “Minha lei terá apenas um artigo: ‘A rua pertence ao pedestre concedido seu uso aos automóveis’”, contou Darcy ao repórter Roberto D’Ávila pouco antes de morrer em 1997.
O Brasil é o quinto país que mais mata no trânsito - atrás só da Índia, China, Estados Unidos e Rússia. Gastamos R$ 27 bilhões por ano com tratamento de acidentados por veículo automotor.
Mas, como se nossos filhos vivessem num país das maravilhas, o Ministério das Cidades está com uma campanha babaca onde um espelho idiota diz às crianças que para atravessar em segurança “é só olhar pros dois lados da rua!”. É como se uma pessoa morresse atropelada por culpa exclusiva de sua desatenção!!!
De 1999 a 2005, morreram 8.522 pessoas atropeladas no Brasil, diz o Ministério da Saúde. A CET conta que em 2008 só na capital paulista os veículos mataram 670 pedestres. Na região metropolitana da Grande Sampa, os mortos por atropelamentos são 49,9% de todas as vítimas fatais do trânsito.
Para lutar contra esta verdadeira guerra que se desenrola em cima do asfalto, foi instalado no último dia 18 de setembro um contador de vítimas no site Chega de Acidentes! Até o fechamento desta postagem, a contagem trazia a marca sangrenta de 6.328 mortes no trânsito nos últimos 60 dias (105 mortos a cada 24 horas). Até as 18h desta 4ª-feira, o marcador apontava que 20.050 pessoas estavam hospitalizadas por acidentes no trânsito – estes números são frenéticos e sobem a cada minuto.
Foto: David da Silva
Convivência pacífica de bondes, veículos sobre pneus e bicicletas na rua Södra Vägen, em Göteborg, na Suécia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário