terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Na trilha do "vampiro de Curitiba"

Foi só na tarde de ontem, em uma reprise da série HiperReal (SescTV), que conheci o trabalho literário dos tres rapazes que compõem o Coletivo Sem Ruído. Gostei.
Cada um de seus microcontos têm o limite máximo do
twitter. Também divulgam seus textos por meio de etiquetas adesivas coladas nos locais mais improváveis da cidade de São Paulo.
Mas, este velho blogueiro não pode deixar de resgatar que o desafio de contar uma estória com o mínimo de palavras, tem como pioneiro na Literatura Brasileira o escritor curitibano Dalton Trevisan.
Para mim, Dalton Trevisan é absoluto na arte da minificação. Não é a primeira vez que estendo o tapete vermelho para ele neste nosso Bar & Lanches Taboão (reveja
aqui)
No já longínquo 1994, Dalton lançou seu livro Ah, é? – uma coletânea do que ele batizou de ministórias.
Confira como o “Vampiro de Curitiba” muitas vezes nem precisa dos 140 caracteres do hoje poderoso miniblog pra fazer o leitor “viajar” em tramas condensadas numa única linha:
“— Meu pai foi me dar uma surra e nessa hora me ergueu do chão pelos peitinhos.”
·
“Com a manhã, os homens se vão. A casa pestilenta de mil cigarros. Em cada canto boceja uma bandida.”
·
“Chorando, suando, tremendo, o coração tosse no joelho. Ele a beija da cabeça ao pé — mil asas de borboleta à flor da pele.”
·
“Aos 13 anos, Ritinha floriu numa orgia de beleza. À sua passagem, os cãezinhos a passeio presos na coleira davam duplos saltos-mortais de alegria.”

Nenhum comentário: