Manhas e manobras dum cabra safado

Se estivesse num buteco, no calor de um papo aceso e no vapor daquela que nos molha a palavra, o ministro Paulo Vannuchi mereceria uma porrada no meio dos beiços ao dizer que quem é contra o tal Programa Nacional de Direitos Humanos 3 é gente que “gostaria de reeditar o Doi-Codi”.
O mesmo paspalhão do Vannuchi admitiu ontem, em Porto Alegre, que “houve erros” na elaboração do projeto. Então, o problema não é de quem não concorda com alguns pontos do plano. A mancada é de quem montou errado a bagaça. Enfiaram tantas coisas díspares num mesmo saco, que agora o próprio Lula tem de engolir este sarapatel indigesto – com direito a sobremesa de creme de melão com alcachofra.
Depois de admitir ao ministro Nelson Jobim que assinou o documento sem ao menos ter lido, Lula recuou, se arregou para os militares. Como diz o professor cientista político Paulo Sérgio Pinheiro (Núcleo de Estudos da Violência/USP): “O Lula perdeu uma oportunidade histórica”. Era a hora certa de fazer torturadores e assassinos da ditadura militar pagarem por seus crimes. Mas a dupla Lula/Jobim preferiu sentar no cassetete dos milicos.
O governo lulista afirma que consultou 14 mil pessoas no Brasil inteiro sobre este programa de direitos humanos. Vê só: com 14 mil apoios, malandro nenhum consegue sequer se eleger para vereador na cidade de São Paulo (o menos votado em 2008 precisou de 14.873 neguinhos pra pô-lo na Câmara de Sampa).
Agora o Lula dá mais uma mijada para trás, e vai alterar o trecho do plano sobre o aborto. Eliminar uma frase sob o argumento que ela “é uma bandeira do movimento feminista”, é pura demonstração de frouxidão, covardia federal explícita.