sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O primeiro porre da face da Terra

"Ó, menina, vai ver nesse almanaque
Como é que isso tudo começou"
Chico Buarque

No dia que os céus me concederem a graça de tomar um conhaque com o Chico Buarque, vou perguntar a ele por que não incluiu no seu monumental samba Almanaque a pergunta sobre quem inventou a bebedeira.

Está cientificamente provado que o desenvolvimento da Humanidade e o pileque sempre andaram de mãos dadas e pés trançados.
O jornalista inglês Iain Gately traçou um vasto e inebriante painel da evolução da birita ao longo dos séculos no seu livro Drink: A Cultural History of Alcohol (Drinque: Uma História Cultural do Álcool, ainda inédito no Brasil). Com ele aprendemos que ali pelos mil anos antes de Cristo “o álcool era consumido por todas as civilizações, da África à Ásia”.
Mas milhares de anos antes o ser humano já sabia ficar de cara cheia. O arqueólogo e químico Patrick McGovern, dos Estados Unidos, reproduziu em laboratório a receita de uma manguaça consumida na China em 8000 a.C. Analisando jarros descobertos na província de Jiahu, o cientista concluiu que a poção continha arroz, mel, uvas e uma espécie de cerveja, tudo fermentado. O sabor revelou-se um tantinho amargo ao paladar do doutor Patrick.
Viajando sabe-se lá por quais buchos, a beberagem chinesa chegou à Suméria, ali pelas bandas onde hoje é o Iraque. Os sumérios capricharam na receita desenvolvendo 19 tipos de bebidas alcoólicas – entre elas aquilo que hoje saudamos como “a loura gelada”. Tal progresso provocou no célebre Platão o elogio: “Sábio o homem que inventou a cerveja”.
A velha e boa breja logo caiu no gosto do povaréu de outros países. No Egito, durante a construção das pirâmides de Gizé, cada peão de obra recebia uma cota de “pão líquido”: cinco litros de cerveja (por dia!!!). Os faraós malandros sabiam que além de complemento na alimentação, o potencial de embriaguez da bebida mantinha a galera calminha... calminha...

Volte aqui uma outra hora pra gente continuar neste cambaleante passeio pelo pileque através dos tempos.

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