Quando viu um macaco guariba pulando perigosamente de uma palmeira para outra, na floresta do Panamá, o pesquisador norte-americano Dustin Stephens logo pensou:
- Este guariba dá a impressão de estar bêbado... muito bêbado!!!
E o macacão nem aí. Saltava de um tronco ao outro, se empanturrando de pequenos frutos, com alto risco de despencar de 10 metros de altura, ou de se lanhar todo nos espinhos.
O pesquisador esperou o macaco doidão se mandar, e foi conferir os restos da refeição do bicho. Somou o álcool presente nas frutinhas, e concluiu: aquele guariba estava mesmo num porre de lascar – havia consumido o equivalente humano a sete latinhas de cerveja.
Mas antes do guariba encachaçado de Dustin Stephens, outro gringo já tinha elaborado a “hipótese do macaco bêbado”. Biólogo da Universidade da Califórnia em Berkeley, o também fisiologista Robert Dudley defende a tese que há 40 milhões de anos alguns primatas desenvolveram maior predileção por frutas bem maduras.
Nestas frutas o calor e a umidade tropical causam fermentação na polpa e na casca. Os açúcares se transformam em diversos tipos de álcool. E o mais comum é o nosso velho conhecido etanol.
O vento dispersa o cheiro do etanol desprendido pelas frutas. Ao sentirem este aroma, os primatas já sabem: tem fruta boa de se comer por ali. E quanto mais acentuado for o aroma do etanol, mais nutritivo é o fruto.
A embriagues causada pela ingestão de certas frutas ou vegetais, é presente em várias espécies de animais. A primatologista Katharine Milton, também da Universidade de Berkeley, ensina que a literatura científica está cheia de casos de bichos super-hiper-mega-bebaços que causam verdadeiras tragédias: “Há elefantes que ficam bêbados com a ingestão de determinados alimentos e arrasam aldeias inteiras. Porcos selvagens também se embriagam comendo certas coisas”.
Assisti outro dia a um vídeo sobre abelhas alcoolizadas pela secreção de certa flor. Mas daí elas não são muito bem recebidas quando voltam pra casa, tem repressão na porta da colméia, e eu não vou tocar nesta história triste, em solidariedades às abelhinhas minhas coleguinhas de copo e de cruz...
Assista, então, este esquilinho que ficou pra lá de bêbado de tanto comer abóbora fermentada.
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