quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

DRUMMOND TRABALHADOR

Pouco se divulga sobre a vida de Carlos Drummond de Andrade afora e além da sua peleja com as palavras. Drummond nunca permitiu seu nome em lista de pagamento de políticos. Era funcionário público, mas funcionário concursado.
Não era funcionário-fantasma, daquele que além de pouco ou nada trabalhar abocanha no final do mês o salário inteiro – e acrescido de horas extras!
Drummond trabalhou numa salinha acanhada na Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, no oitavo andar do Ministério da Educação, quando este funcionava no Rio de Janeiro. Qualquer pessoa podia encontrá-lo em seu local de trabalho, de segunda a sexta-feira, da manhã à tarde. Cumpriu seu compromisso com o serviço público desde 1934 até se aposentar em 1962.
Não foi reles cumpridor de horário. O poeta e cronista Paulo Mendes Campos, no seu livro Os Bares Morrem numa Quarta-feira, conta que Drummond era “um funcionário exemplar, não apenas pontual e eficiente, mas criador. Participou de modo decisivo em várias medidas essenciais aos negócios da Cultura e da Educação”.
Quando Paulo Mendes Campos publicou essas palavras na revista Manchete, por encomenda do diretor Justino Martins, Drummond agradeceu-lhe com uma carta comovida: “jamais imaginei que meus serviços públicos fossem lembrados”.
Se ele andasse aqui por esta nossa quebrada de Taboão/Campo Limpo, o imagino vez ou outra dando uma passada no Sarau do Bar do Binho, para tomar um gole do famoso conhaque do seu Poema das Sete Faces.

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