O prefeito Evilásio, de Taboão da Serra, gosta de dar nomes pomposos a coisas simples, rotineiras, ordinárias, de uma administração municipal. Assim, um reles serviço de recapeamento de rua ganhou o grandiloquente nome de "obra".
Para dar ainda mais ênfase ao feito, organizou um comício na porta de um botequim da Rua 14 de Novembro que margeia a favela Jardim Comunitário, no limite de Taboão e Embu das Artes.
Essas manipulações de linguagem por parte do grupo no poder têm um nome. Propaganda nazista.
O professor doutor Victor Klemperer, mestre universitário em estudo da linguagem, analisou a fundo, de 1933 a 1945, o modo como o governo de Hitler manobrava as palavras para enfiar na cabeça do zé-povinho a ideologia do nazismo e a confiança inabalável na figura do líder.
Hitler era apresentado como se cada gesto seu tivesse o poder de mudar totalmente a vida das pessoas. Cada metro de asfalto era divulgado como se fosse um grande passo da Humanidade, registrou o estudioso nas quase cinco mil páginas d'Os Diários de Victor Klemperer - Testemunho clandestino de um judeu na Alemanha nazista.
Copiando o nazismo, Evilásio manda sua assessoria de imprensa (um karaokê de escribas) espalhar pelos jornais da região que ele trouxe dignidade de vida para aquela comunidade.
“A linguagem de dominação nazista está tão uniforme porque toda a imprensa está sob uma única direção, porque toda palavra do Führer é reproduzida milhões de vezes”, anotou Victor Klemperer.
Babaquice no buteco
Olhe no canto esquerdo da foto lá em cima. O vereador Cido aplaude. Todos estão quietos, atentos. Só Cido agita as mãos.
Vamos trazer Cido aqui pra perto, à nossa esquerda. Para quem ou do quê ele bate palmas, meu deus? Seria para espantar algum viralatas sarnento que foi prestigiar o evento sem ser convidado?
Volte para a foto no alto. Atrás do Evilásio está o vereador Paulo Felix (bigodinho de führer). Fisionomia absorta, perdido em pensamentos. Certamente buscando algo brilhante a falar em evento político tão escabroso. Possivelmente lhe passava pela cabeça: “Já aprontei muita presepada nesta vida. Chamei o Armando Andrade de ladrão, depois dei medalha de honra pra ele. Zoei o Buscarini, depois virei cupincha dele. Disse que Evilásio era o Rato da Prefeitura, hoje sou seu súdito. Mas nunca, nunca mesmo, participei de comício de anúncio de serviço tapa-buracos...”
Num repente: “Eureka! Vou mudar o nome desta bagaça!”.
Ante o olhar atônito da platéia, Felix se explica: “Seguinte. Nós não tâmo tudo unido aqui? Tudo junto e envolvido? Então vamos mudar o nome da Rua 14 de Novembro para Rua da União, pô!”
Não sei quem colocou tal nome ali. Na escola primária me ensinaram que 14 de novembro é Dia do Bandeirante e Dia Nacional da Alfabetização. Hoje velho, propenso a doenças, aprendo com picada na ponta do dedo que é Dia Mundial do Diabetes – data em que nasceu um dos descobridores da insulina.
Toda troca de nome de rua traz aperreio para os moradores. Têm de informar novo enderêço a parentes, bancos, lojas, empregos...
Paulo Felix deveria ter mais respeito pela toponímia. E não querer mudar o nome de uma rua que remete a fatos históricos por causa de um rotineiro servicinho de jogar camada de asfalto frio em via pública.
A escriba se vinga
A mocinha jornalista escalada para registrar a ocorrência naquela tarde chuvosa de comício em porta de butiquim, viu a oportunidade de se vingar dos políticos que a enfiaram naquela pauta filha-da-p...
Entre as garrafas do buteco, Paulo Felix trovejou: “Esse é um momento histórico que vai entrar para a história”.
A garota não perdoou. Anotou cada sílaba da frase insana na reportagem e espalhou por aí.
Vejam esta maravilha de cenário onde o fato se deu
Para dar ainda mais ênfase ao feito, organizou um comício na porta de um botequim da Rua 14 de Novembro que margeia a favela Jardim Comunitário, no limite de Taboão e Embu das Artes.
Essas manipulações de linguagem por parte do grupo no poder têm um nome. Propaganda nazista.
O professor doutor Victor Klemperer, mestre universitário em estudo da linguagem, analisou a fundo, de 1933 a 1945, o modo como o governo de Hitler manobrava as palavras para enfiar na cabeça do zé-povinho a ideologia do nazismo e a confiança inabalável na figura do líder.
Hitler era apresentado como se cada gesto seu tivesse o poder de mudar totalmente a vida das pessoas. Cada metro de asfalto era divulgado como se fosse um grande passo da Humanidade, registrou o estudioso nas quase cinco mil páginas d'Os Diários de Victor Klemperer - Testemunho clandestino de um judeu na Alemanha nazista.
Copiando o nazismo, Evilásio manda sua assessoria de imprensa (um karaokê de escribas) espalhar pelos jornais da região que ele trouxe dignidade de vida para aquela comunidade.
“A linguagem de dominação nazista está tão uniforme porque toda a imprensa está sob uma única direção, porque toda palavra do Führer é reproduzida milhões de vezes”, anotou Victor Klemperer.
Babaquice no buteco
Olhe no canto esquerdo da foto lá em cima. O vereador Cido aplaude. Todos estão quietos, atentos. Só Cido agita as mãos.
Vamos trazer Cido aqui pra perto, à nossa esquerda. Para quem ou do quê ele bate palmas, meu deus? Seria para espantar algum viralatas sarnento que foi prestigiar o evento sem ser convidado?
Volte para a foto no alto. Atrás do Evilásio está o vereador Paulo Felix (bigodinho de führer). Fisionomia absorta, perdido em pensamentos. Certamente buscando algo brilhante a falar em evento político tão escabroso. Possivelmente lhe passava pela cabeça: “Já aprontei muita presepada nesta vida. Chamei o Armando Andrade de ladrão, depois dei medalha de honra pra ele. Zoei o Buscarini, depois virei cupincha dele. Disse que Evilásio era o Rato da Prefeitura, hoje sou seu súdito. Mas nunca, nunca mesmo, participei de comício de anúncio de serviço tapa-buracos...”
Num repente: “Eureka! Vou mudar o nome desta bagaça!”.
Ante o olhar atônito da platéia, Felix se explica: “Seguinte. Nós não tâmo tudo unido aqui? Tudo junto e envolvido? Então vamos mudar o nome da Rua 14 de Novembro para Rua da União, pô!”
Não sei quem colocou tal nome ali. Na escola primária me ensinaram que 14 de novembro é Dia do Bandeirante e Dia Nacional da Alfabetização. Hoje velho, propenso a doenças, aprendo com picada na ponta do dedo que é Dia Mundial do Diabetes – data em que nasceu um dos descobridores da insulina.
Toda troca de nome de rua traz aperreio para os moradores. Têm de informar novo enderêço a parentes, bancos, lojas, empregos...
Paulo Felix deveria ter mais respeito pela toponímia. E não querer mudar o nome de uma rua que remete a fatos históricos por causa de um rotineiro servicinho de jogar camada de asfalto frio em via pública.
A escriba se vinga
A mocinha jornalista escalada para registrar a ocorrência naquela tarde chuvosa de comício em porta de butiquim, viu a oportunidade de se vingar dos políticos que a enfiaram naquela pauta filha-da-p...
Entre as garrafas do buteco, Paulo Felix trovejou: “Esse é um momento histórico que vai entrar para a história”.
A garota não perdoou. Anotou cada sílaba da frase insana na reportagem e espalhou por aí.
Vejam esta maravilha de cenário onde o fato se deu
2 comentários:
Barbudos de ontem,populistas de hoje.
É isso aí, Nando.
Por sinal, o velho e bom Camões no seu Soneto 57 já tinha dado o toque:
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança..."
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