sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Prêmio Azevedo Gondim de Jornalismo

Azevedo Gondim, personagem do livro São Bernardo, de Graciliano Ramos, é descrito como “periodista de boa índole, que escreve o que lhe mandam”.
Muito justo o seu nome para premiar jornalistas de Taboão da Serra que emprestam seus dedos aos inquilinos do poder.
Nesta primeira edição, o Prêmio Azevedo Gondim de Jornalismo vai para a mentira travestida de “release” dizendo que a Prefeitura de Taboão da Serra vai arrepiar pra cima dos botecos, “a exemplo do bar que realizava bailes funk no Jardim Record”.
Cascata descarada. Falsidade patrocinada pelo cofre público. Não foi a Prefeitura quem fechou a sórdida espelunca funkeira do Jardim Record. Nem a Polícia. E muito menos a Guarda Municipal.
Quem detonou aquela vergonha a céu aberto foi a valente jornalista Marici Capitelli, do Jornal da Tarde. Com o risco da própria vida, prestes a seguir o destino trágico de Tim Lopes, Marici Capitelli e o repórter-fotográfico Filipe Araújo se infiltraram naquela baderna por três semanas alternadas.
Os jornalistas atenderam ao apelo desesperado dos moradores, angustiados com a omissão da Polícia e da Prefeitura, que se escondiam por trás do jogo de empurra.
Foi somente depois da publicação da reportagem em um sábado, dia 20 de novembro de 2010, na véspera de mais um festim que Polícia e Prefeitura tomaram vergonha na cara.
Sei que a realidade agora é muito mais violenta que quando Ana Paula Medeiros e eu fazíamos a crônica policial de Taboão da Serra, no início da década de 1990.
Não tô espicaçando nenhum jornalista taboanense a cutucar com caneta curta traficantes municipais. A proximidade é fator de periculosidade.
Mas... se não dá para a rapaziada de hoje “botar a mão na merda”, pelo menos não desmereçam quem levanta o véu podre da incompetência e cumplicidade que infesta nossa cidade.

3 comentários:

Anderson Siqueira - quadro a quadro disse...

De acordo com a reportagem do JT, os moradores apesar de inúmeras reclamações, não foram atendidos pela prefeitura.
A vida imita a arte e como as histórias de filmes ambientados nos morros do Rio de Janeiro, embalados pela mesma trilha sonora, vivendo as ameaças de expulsão de lares e até morte, os cidadãos de Taboão da Serra, são obrigados a se calarem e fecharem suas janelas de frente para o crime.
Conhecemos esses roteiros e já cansamos deles.
Se o governo e a policia sabem em que condições acontecem esses encontros, sabem os crimes cometidos, quem patrocina, data local e hora de inicio e termino. Conhece, como se espera de bons investigadores, até a rota de fuga e o local do próximo encontro.
O que falta ao governo e a policia para livrar Taboão da ameaça de se tornar o cenário para os próximos filmes sobre o poder paralelo?
Sabemos que se o governo fecha os olhos e ouvidos aos problemas do povo, uma outra forma de governo se instala.
E fechar os olhos e ouvidos começa como termina a matéria do JT
"A reportagem procurou por cinco vezes a Prefeitura da Taboão da Serra, mas não conseguiu contato. As ligações para o telefone do secretário de Comunicação de Taboão, Mário de Freitas, não foram atendidas."

Anônimo disse...

Rua Meier, local de lazer para todas a idades.

Q blz!!

David da Silva disse...

Amigo Anderson Siqueira:
Tenha tolerância com o senhor Mário de Freitas. Ele não atende, nunca, telefonema algum.
Vai que do outro lado da linha venha um Jonas, nénão?