Prontinha pra explodir

A abertura do Sarau do Binho na noite de ontem, foi dedicada a reminiscências da legendária Postesia.
Daí o Binho perguntou se alguém dentro do boteco naquela hora lembrava de alguma das postesias de 1997, quando ele e seus colegas de calvário poético arrancavam placas de políticos dos postes, e devolviam-na aos mesmos postes cobertas por versos (poste + poesia = postesia). Uns tres-quatro se lembraram. Mentalmente brinquei de parodiar o famoso fado: “Ai, Campo Limpo ainda vai cumprir seu ideal / Ainda vai findar-se num imenso Terminal...”
Pudesse ler pensamentos o señor Padial diria que nunca instalou tal postesia, ao qu’eu diria: “É uma postesia que faltou inventar...”
Tenho ouvido aqui e ali rumores de raiva rancorosa contra o tal Terminal. As autoridades estão surdas para a famosa “voz rouca das ruas”.
Já-já vai despertar a ira explícita do povo, “esta fera de mil cabeças” como dizia Shakespeare...
A bomba está armada. Prontinha pra explodir.
Tanto assim que o povaréu, com menos de dois anos de convivência íntima, em total comunhão de males, já trata o tal Terminal pelo carinhoso nome de Terminal Campo Lixo.
É da atriz Flávia D’Álima a definição mais cirúrgica - escrita no já longínquo 15 de dezembro de 2009 - sobre o estado de espírito dos usuários de ônibus submetidos a esta excrescência do transporte público da nossa região: “O ódio anda fazendo morada em meu coração, e o merecedor desse sentimento é o Terminal Campo Limpo.”

Não pense que o povo do Campo Limpo é mais feliz que esses aí...