sábado, 20 de abril de 2013

Dois alagoanos falando em grego

Graciliano Ramos 
Do Graciliano Ramos me tornei devoto aos 11 anos, quando li seu conto Insônia. Os vocábulos secos, as frases endurecidas, me abduziram de pronto. Chamado pelos íntimos de Velho Graça, foi Graciliano quem conduziu a ficção nordestina para o círculo do romance moderno.
Lêdo Ivo
Do Lêdo Ivo me afeiçoei aos 16 anos, quando ingressei num grupo trotskista. Uma doce companheira me mostrou o poema Primeira Lição (“Ivo viu a greve / Ivo viu o povo”). Havia também o fascínio sinistro pelos versos em que o poeta ia todas as tardes de domingo ao cemitério velho de Maceió onde seus mortos “jamais terminam de morrer”.
Vidas Secas em russo. Próxima parada: Grécia!

Na terra de Aristóteles
A partir deste mês de abril de 2013 o público leitor da Grécia pode mergulhar na obra do Lêdo Ivo, falecido em dezembro passado. Ele teve lançada há poucos dias sua antologia poética em edição bilíngue. A tradução é de Giorgios Rouvalis.

O sertão é o mundo
Guimarães Rosa ensinou que "o sertão é do tamanho do mundo. Sertão é sem lugar. Sertão é dentro da gente".
E o povo grego já pode, desde o último 20 de fevereiro, se embrenhar na saga sisuda e árida de Vidas Secas, do Graciliano, também traduzida para aquele idioma por Giorgios Rouvalis. 
Eu tô doidinho pra ver como fica no alfabeto helênico aquele trecho onde Fabiano mira desolado a cara murcha de Sinhá Vitória, mas sonha com o dia em que sua mulher “vestiria uma saia larga de ramagens, remoçaria, e suas nádegas bambas engrossariam”...

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