sábado, 17 de agosto de 2013

O plano oficial de degradar por meio da “música”


Forró pornô arrasta multidões, e arrasa a estética musical. Na foto, show
“Aviões do Forró”, Petrolina (PE), 2008, ano em que o artigo foi publicado.

A “música” degradante que brota aos borbotões no vasto Nordeste, e se alastra feito praga pelo Brasil afora, tem preocupante similaridade com um plano macabro de assassinato cultural ocorrido décadas atrás no sudeste europeu.
Faz já meia década que este alerta foi lançado por um jornalista nordestino.
Segue trecho do artigo publicado no dia 6 de maio de 2008 no Jornal do Commércio, de Pernambuco:

Por José Teles*

“Faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando- se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental.
As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de ‘forró’, parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde.
Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos Alternativos de Belgrado, Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Aqui o que se autodenomina ‘forró estilizado’ continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste.
Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem ‘rapariga na plateia’, alguma coisa está fora de ordem. Alguma coisa está muito doente.”

José Teles
José Teles, 58 anos, é jornalista paraibano radicado no Recife (PE). É colunista de Cultura (música brasileira e mundial) no Jornal do Commércio, de Pernambuco.

Alguns dos títulos da degradação musical que infesta a Nação, analisados pelo autor da matéria - Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Banho de língua (Solteirões do Forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró).

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