segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Vladimir Herzog veio a Taboão da Serra em 1975


Foi o telefonema desesperado de um amigo que provocou a vinda do jornalista Vladimir Herzog a Taboão da Serra, no período da ditadura militar.

Em 1975 o poeta Ferreira Gullar estava exilado na Argentina. Seu filho Paulo, esquizofrênico usuário de drogas, ficou morando no Rio de Janeiro. Um dia Paulo desapareceu do Rio. Veio parar em Taboão da Serra. Um morador o encontrou sentado na lama, debaixo de chuva.

O homem levou Paulo para casa, deu-lhe banho, alimentou-o. Acolheu. O rapaz deu o endereço de seu pai em Buenos Aires. O taboanense mandou uma carta a Ferreira Gullar na capital argentina.

Aflito, Gullar não podia vir ao Brasil socorrer o filho. Corria o risco de ser preso e até morto pelo governo. Telefonou para a Revista Visão, onde o jornalista Vladimir Herzog trabalhava. Rogou ao amigo que fosse ajudar Paulo.

Herzog partiu imediatamente para Taboão da Serra.

Mas, ao chegar aqui o rapaz havia fugido novamente.

Foi encontrado caído na estrada por umas freiras, que o levaram para o convento.

Dali a família o levou para uma clínica particular no Rio.

As fugas e recaídas do filho com as drogas viraram um calvário na vida do poeta Ferreira Gullar.

Desde 2004 o pai mantinha Paulo no sítio de um amigo em Pernambuco. Longe das drogas o rapaz pintava quadros, criava gatos e ajudava no trato dos cavalos.

Vladimir Herzog, o Vlado, foi assassinado pelo governo militar no dia 24 de outubro daquele mesmo ano de 1975 quando veio a Taboão da Serra ajudar o amigo.

A prisão de Herzog foi provocada por um discurso na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, feito pelo então deputado José Maria Marin, hoje cartola do futebol.

Um requerimento na Câmara de Vereadores de Taboão da Serra em louvor a Marin, apresentado em maio de 2013, gerou profundo mal estar na cidade.

Rua em homenagem ao jornalista em Taboão da Serra, no bairro Sítio das Madres


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