domingo, 19 de janeiro de 2014

Atenção, senhores compositores

Sabiá órfã alimentada no bico por Homero Bagdá
Foi num samba de gente bamba que eu conheci Homero Dueñas, o popular Bagdá. Fomos apresentados no ano 2008 pelo Ary Marcos Motta, um guerreiro cultural na preservação do verdadeiro Samba brasileiro.
Neste abrir das cortinas de 2014 o Bagdá protagonizou um episódio pleno de maravilhas.
Até quem não me conhece sabe que sou besta por bichos. A vida silvestre pra mim é um alumbramento.
No início de janeiro, uma sabiá caiu do ninho na praça defronte à casa do Bagdá. Ele colheu o passarinho, alimentou-o, abrigou-o por três semanas. Deu-lhe o nome de “Alvarenga”.
Deu comida no biquinho – frutas, papinha de pão integral com água, carninha de frango desfiada, dentre outras mordomias.
Ensinou-o a assobiar (“Acho que este sabiá é inglês”, brincava Bagdá durante suas “aulas”. “Ele só pia assim: “repeat-you...  repeat-you”... ah ah ah”). Mas traduzindo pro bom português, talvez a sabiázinha tava era cumprimentando o Bagdá como fosse o irmão de sua mãe: “Ripiti-tio... ripiti-tio”.
Como bom fanático pela música brasileira, Bagdá até tentou ensinar o passarinho cantar um clássico da Velha Guarda da Escola de Samba da Portela (“Sabiá cantou, fez-me lembrar/ de alguém que foi navegar/ Não deu certeza em voltar/.../ Oh, sabiá, se tu canta eu vou chorar/ só porque minha querida foi pelas ondas do mar”), composição de Ernani Alvarenga – daí o por quê a sabiá foi batizada com aquele nome.
Hoje, domingo, 19 de janeiro, Bagdá restituiu a sabiá à vida livre.
Técnico em telecomunicações aposentado, Homero “Bagdá” é uma enciclopédia ambulante sobre os locais de reunião daqueles a quem chamamos “sambistas de raiz”. Tenho certeza total que não vai passar batido por alguns compositores a passagem desta sabiá pela vida do meu grande amigo.
Louvado seja.

Vai aqui, feito história-em-quadrinhos a temporada da sabiá com Homero Dueñas, Bagdá:
A sabiá na primeira semana na casa do seu protetor
Homero Bagdá fez o papel de “mãe” do passarinho
Bom anfitrião, Bagdá deixou a sabiá usar telefone à vontade...

Punha o passarinho pra assistir televisão

A sabiá tinha cardápio variado na hora das refeições

Em 3 semanas, “Alvarenga” ganhou corpo e emplumou

Contemplando árvores do quintal, sentindo coceira nas asas

Ao atender o chamado da natureza, “Alvarenga” se volta pra agradecer ao velho amigo