Chácara do Jockey - Foto: David da Silva |
Prefeitura
de SP não toma atitude, e área verde pode se transformar em dezenas de novos
prédios
Por
David da Silva e Wilson Donini
A
transformação da Chácara do Jockey em um parque aberto para a população pode
não ocorrer.
A
iniciativa seria viabilizada por meio da doação do terreno de 150 mil m² à
Prefeitura de São Paulo, a fim do Jockey Club, proprietário, quitar débitos
relacionados ao IPTU.
No
entanto, moradores das imediações temem que o clube possa vender
o terreno para construtoras de prédios.
E preparam novas mobilizações e protestos para
manutenção da última área verde da região.
Empreiteiras rondam a área
Próximo
à Chácara do Jockey, moradores do bairro do Ferreira afirmam que incorporadoras
estão sempre promovendo serviços de topografia na área. E já manifestam
interesse em negociar o espaço com o clube, ou até assumir os débitos com a
Prefeitura.
Entidades
civis da região temem que novos empreendimentos vão adensar ainda mais a
saturada região e possam piorar o trânsito já caóticos nas avenidas Professor
Francisco Morato, Pirajuçara e Eliseu de Almeida, além da Rodovia Raposo
Tavares.
Mobilização
A
mobilização popular traz para o debate uma longa batalha de bastidores.
Há
tempos, José Guimarães Jr., presidente-fundador do Clube Pequeninos do Jockey,
o padre Darci Bortolini, da Igreja Nossa Senhora de Fátima e o ativista
comunitário Djalma Kutxfara mantêm contatos com as autoridades no sentido de
sensibilizar a Prefeitura a não permitir que a área verde seja destruída para
construção de novos prédios.
Inúmeras
audiências já foram realizadas na Câmara Municipal com os vereadores.
Mas
todas também sem sucesso.
Novas
reuniões, protestos, “abraços simbólicos” na área verde, e críticas aos poderes
executivos municipais e federais estão sendo articulados.
Em maio
do ano passado, uma comitiva formada pelo ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, o
deputado federal Vicente Cândido, e o secretário municipal de Esportes Celso
Jatene se reuniu na chácara a fim de encerrar o impasse.
Porém,
até hoje não houve nenhum resultado efetivo.
Dúvidas e promessas não cumpridas
Pelo
“andar da carruagem” e a falta de manifestação oficial do atual prefeito
Fernando Haddad, a comunidade conclui que não há vontade política em
desapropriar a área que está praticamente abandonada.
Haddad
já mostrou que a sua prioridade foi a criação do futuro “Parque Augusta” no
centro.
Lago na Chácara do Jockey - Foto: David da Silva |
O
prefeito paulistano parece desconhecer a promessa de administrações anteriores.
O ex-prefeito Gilberto Kassab chegou a decretar a área como utilidade pública. O ex-secretário de esportes e deputado federal Walter Feldman esteve no local, gravou entrevista para a televisão garantindo a reserva da área verde e a criação do
“Parque Pequeninos”.
Mas o ex-prefeito e seu secretário “esqueceram” de desapropriar a área.
Paulo
Maluf e Luiza Erundina “tiveram vontade, mas nada criaram para a região”, como
a antiga sede do Coopercotia Atlético Club em Vila Sônia (pronta, com centenas
de árvores frondosas e completa, na av. Prof. Francisco Morato), declarada de
utilidade pública para fins de desapropriação.
Mas
depois foi alvo de suposta negociata entre empresários e os poderes públicos. Hoje
abriga a árida e desértica garagem da Linha 4-Amarela- do Metrô, que destruiu
toda a área verde.
Outra promessa foi a Chácara Edgard de Souza, no Jardim
Colombo (mais de 40 mil metros quadrados) também declarada para desapropriação,
que “da noite para o dia” e supostamente na “surdina” foi vendida à iniciativa
privada que construiu inúmeros prédios, prejudicando toda a população.
Promessas
não cumpridas. Negociatas. Destruição de área verde e desconhecimento da atual
administração municipal.
Tudo
leva a crer que perderemos a área verde da Chácara do Jóckey para novos
espigões de dezenas de prédios.
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