quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Silvio Modesto canta nesta quinta, no Sesc-Osasco

Foto: TV Cultura | São Paulo
Eu já narrei várias histórias do sambista Silvio Modesto aqui no blog.
Hoje eu vou contar pra você do dia em que, pela primeira vez na vida, o Silvio ouviu uma música dele tocar no rádio.
Mas antes vou logo lhe avisando que o meu amigo sambista, prestes a completar 71 anos em fevereiro próximo, vai se apresentar nesta 5ª-feira, 29 de janeiro, no Sesc-Osasco.

Numa certa manhã do ano 1971, Silvio Modesto ainda estava deitado num minúsculo quartinho na Rua Brigadeiro Galvão, bairro Barra Funda, zona oeste de São Paulo. “Eu dividia o quarto com meu amigo Talismã, que também era sambista compositor; só tinha uma cama de solteiro pra nós dois dormir”, relembra Modesto. Por volta das 9h da manhã, o radinho de pilha sintonizado na Rádio Bandeirantes começa a tocar uma música. Silvio dá um pulo da cama. “Êpa... eu conheço isso aí...”.  Era a sua composição Lágrimas, feita em parceria com Jangada, nome artístico do jornalista carioca Marco Aurélio Guimarães. “Eu nem imaginava que aquela música fosse realmente ser gravada. O cantor falou comigo, e coisa e tal, ele foi embora e eu continuei na minha. Até que ouvi no rádio”, diz o compositor. O jeito foi sair para comprar uma garrafa de cachaça em comemoração. “Era só o que dava pra comprar, na dureza danada que a gente vivia”, se diverte com a lembrança Silvio Modesto.
Nascido em 1944 no bairro Brás de Pina, no Rio, Silvio foi criado no Morro do Salgueiro. Com 20 e poucos anos de idade se mandou para São Paulo. E aqui se firmou como “o mais completo sambista carioca da capital paulista”, na avaliação inquestionável do dramaturgo Plínio Marcos.
Selo do disco com a primeira música gravada de Silvio Modesto
Silvio Modesto havia mostrado aquela música um ano antes, em 1970, para o cantor Franco no bar Boca da Noite, na Rua Santo Antonio, no bairro Bela Vista (popular Bixiga), zona boêmia paulistana. Na época, a moda era o samba-rock. Franco estava iniciando carreira solo, após o grupo Brasas, que tinha fundado em Porto Alegre, se separar. (Franco é pai dos integrantes do grupo KLB. Ao parar de cantar, tornou-se empresário de Fábio Jr, Leandro e Leonardo e hoje administra a carreira da dupla Zezé di Camargo e Luciano). “O Franco falou pra mim que ia gravar aquele samba. Mas meu negócio na época era só cantar e me soltar pela noite. Naquela fase da minha vida eu estava sem pretensão nenhuma. Mostrei o samba pro Franco, e como passou um ano sem ninguém falar mais nada, deixei o assunto pra lá”, conta Silvio.
Não é difícil imaginar a emoção que Silvio, na ocasião já com 27 anos, e precisando se firmar na vida, viu se abrir para ele as portas do mercado fonográfico.
Hoje Silvio Modesto tem composições suas nas vozes de Beth Carvalho, Benito di Paula, Bezerra da Silva, Arlindo Cruz, Jovelina Pérola Negra, Originais do Samba, e outros mais.
Seu nome é uma lenda no Carnaval de São Paulo. Participou ativamente de escolas de samba como Império do Cambuci, Vai-Vai, Pérola Negra, e por aí afora.
Nos concursos para escolha de sambas-enredo, o nome de Silvio Modesto na lista dos inscritos fazia a concorrência suar os dedos. “Sempre tive facilidade para fazer samba enredo”, diz Modesto sem falsa modéstia. “O grande desafio é pegar toda aquela pesquisa que o carnavalesco faz, ser ligeiro nas ideias e resumir aquelas mais de três mil linhas do texto em no máximo 30 versos, com melodia bem gostosa para o povo cantar”, explica o sambista. Fala assim como se fosse a coisa mais fácil do mundo... Ele já venceu 21 campeonatos de samba enredo – 18 em São Paulo, e três no Rio.

Não bastasse seu dom para o samba enredo e também para sambas de meio do ano, Silvio Modesto foi um ritmista de respeito e muito requisitado. Basta dizer que ele estava no palco do Ópera Cabaré, em São Paulo, naquele 30 de dezembro de 1978 acompanhando Cartola no último show da vida do imortal autor de As Rosas não Falam.
Ele também fez, entre outras tantas gravações de estúdio, o ritmo no disco Pecado, lançado por Ney Matogrosso em 1977.
Também foi o ritmista de todos os programas da série Ensaio, da TV Cultura de São Paulo, quando os entrevistados eram acompanhados pelo Regional do Evandro.

João Borba e Silvio Modesto
No show desta 5ª-feira, Silvio Modesto é o convidado especial do festejado cantor e compositor João Borba. Aos 87 anos de idade e em plena atividade, Borba pertenceu ao grupo de teatro de Solano Trindade.

Serviço:
João Borba recebe Silvio Modesto
Sesc-Osasco – dia 29 janeiro (5ª-feira), às 19h
Ingresso: Grátis
Av. Sport Club Corinthians Paulista, 1300
Osasco
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Informações: (11) 3184-0900

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