sexta-feira, 8 de maio de 2015

O desafio de ser Mãe e trabalhar na Segurança Pública

Por Fernanda Macedo

O dom de conceber ou adotar um filho, e conciliar isso com o trabalho na segurança pública, é um desafio e tanto.
Esse é o caso de Cláudia Martinez, 36,  guarda civil municipal (GCM) de Taboão da Serra, há oito anos na profissão. Ela, que sempre nutriu o sonho de ser policial, viu a oportunidade bater à sua porta ao se deparar com o anúncio de um concurso público no jornal. Hoje, além de cuidar dos dois filhos, um de 12 e outro de quatro anos, trabalha na Câmara de Vereadores e ainda arruma tempo para cursar a faculdade de Direito.
Cláudia Martinez. Foto: Wladimir Raeder
“Maternidade é uma das coisas mais incríveis que acontece na vida de uma mulher. Conciliar trabalho e a dedicação não é fácil. Trabalhar sem horário para voltar, e sem saber se vai voltar, é um desafio difícil para as mães que se dividem entre os filhos e a guarda civil municipal”, alerta Cláudia sobre os riscos da profissão.
Atualmente trabalham na GCM de Taboão da Serra aproximadamente 200 guardas; apenas 30 são mulheres. Cláudia conta que no começo de sua carreira, por ser mulher, sofreu preconceito, mas que hoje é muito respeitada entre os colegas e pela população de Taboão da Serra. E mesmo com as adversidades que precisa superar em seu dia a dia, Cláudia se sente realizada: “A Guarda Civil está trabalhando muito, o secretário de segurança, doutor Gerson Brito, vem realizando um excelente trabalho na corporação juntamente com o prefeito Fernando Fernandes. Eles modificaram tudo e estão fazendo seu trabalho com excelência”.
Por não trabalhar aos finais de semana e feriados, ela consegue acompanhar os filhos em datas especiais. Isso permite que passe mais tempo com eles e possa participar das atividades de lazer.

Perto da rua, longe dos filhos
GCM Mônica. Foto: Reprodução
Já para a GCM aposentada Mônica da Silva, 50, que tem três filhos, isso não foi possível. Trabalhando na rua com turnos variados, não conseguiu ver as duas filhas – uma de 23 anos e outra de 20, – crescerem: “Eu adorava trabalhar na rua, atendendo as ocorrências. Me sentia melhor lá. Mas isso ao mesmo tempo me impediu de estar com minhas filhas em datas importantes, como Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças. Isso me deixava um pouco triste. Mas meus filhos sempre entenderam que tudo o que eu fazia era por eles”.
Mônica, que foi a terceira mulher a ocupar um posto na Guarda Civil de Taboão, se sente muito orgulhosa dessa conquista, pois enfrentou resistência até mesmo de seu marido à época, que afirmava não acreditar em sua capacidade de conseguir o emprego. Provando exatamente o contrário, ela não só conseguiu, como passou em primeiro lugar no concurso feminino, e fez parte da corporação por 17 anos.
No início da carreira deixava as filhas sozinhas para poder concluir o ensino médio. E mesmo trabalhando na GCM teve que fazer alguns “bicos” para pagar a escola das meninas. Passou por algumas dificuldades até conseguir se estabilizar.
Aposentada há um ano, Mônica ainda tenta se adaptar à nova rotina. Como trabalhou muito tempo no período da noite, hoje tem dificuldade para dormir. Mas agora se sente feliz por conseguir participar da vida de seu filho mais novo que tem 10 anos.
Mônica lembra com muito carinho do período que atuou como guarda civil: “Trabalhei com muito amor à minha profissão. Eu tinha prazer em poder sair pra trabalhar na rua. Mesmo sendo algo perigoso, foi um encantamento. Claro que houve algumas decepções, mas na maioria das vezes eu me sentia homenageada, pois sabia que todo meu esforço valeu a pena”.

Superação e precaução
Fica evidente o orgulho que essas mulheres sentem por conseguirem conciliar uma profissão tão nobre com a difícil e não menos importante tarefa que é ser mãe: “Comecei a enxergar a vida de outra maneira. A preocupação comigo aumentou. Eu raciocinava: “preciso voltar bem pra casa porque eu tenho duas vidas me esperando”. Se você me perguntar o que é ser mãe e ao mesmo tempo agente de segurança pública, eu te respondo é tornar-se a mulher maravilha”, resume Cláudia.
A respeito de “pancadões e rolezinhos” que vinham acontecendo com frequência no bairro e shoppings da região, Cláudia dá sua opinião como mãe: “Sou totalmente contra. Enquanto eu detiver o poder sobre os meus filhos, eu não aceito”.
Mônica, que na época trabalhava na rua e atendeu vários chamados sobre este assunto, conta como era a experiência ao lidar com esse tipo de situação: “É uma onda, uma moda. Nós chegávamos ao local e muitos abaixavam o som. Mas ao virarmos as costas eles aumentavam o volume novamente. Não existe respeito não só com o policial, mas também com o vizinho, os idosos e as crianças”.
Na opinião de Cláudia, os pais deveriam orientar melhor seus filhos, conversar com eles e influenciá-los a participar de atividades de lazer que não incomodem outras pessoas.

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