segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Moradora de Embu inspirou filme indicado ao Oscar

Edna (à dir.) e Anna Muylaert
Representante do Brasil na disputa por uma vaga na indicação ao Oscar 2016, o filme Que Horas Ela Volta? teve como uma de suas fontes de inspiração Edna da Silva, residente no Parque Luiza, em Embu das Artes. Ela foi babá de um dos filhos da cineasta Anna Muylaert. No filme, Regina Casé interpreta a babá Val, que reencontra a filha depois de uma década de separação. Na vida real, é a história de Edna e sua mãe Zeli, que também foi empregada doméstica.

A casa de Edna da Silva serviu de locação para as cenas em que Regina Casé (Val) e Camila Márdila (Jéssica) vivem na periferia de Embu das Artes. As filmagens no Parque Luiza aconteceram em fevereiro do ano passado. Na ficção Val e Jéssica se reencontram 13 anos depois que a mãe deixou a filha em Pernambuco, para ganhar a vida em São Paulo.
E como a vida imita a arte, Edna só veio a conhecer a mãe aos 17 anos de idade. O pai proibia o contato entre elas.
Camila Márdila e Regina Casé em cena na casa de Edna, no Parque Luiza, Embu das Artes
Atores na esquina da Rua Ituitaba, Parque Luiza
“A personalidade da Val é a da minha babá de infância. E a história, é a da Edna com sua mãe Zeli”, explica a diretora Anna Muylaert.
Edna cuidou por cinco anos de Joaquim, filho da cineasta. Para Anna, cuidar de crianças de outras pessoas “é um trabalho sagrado que é muito subestimado”.

Lágrimas e consciência
Na pré-estreia do filme em 24 de agosto último, Edna e outras 40 pessoas, na maioria empregadas domésticas, foram convidadas de honra.
Natural da Bahia, Edna da Silva hoje é cabeleireira. “Assisti ao filme mais de uma vez, e chorei o tempo todo”, conta.
“Eu particularmente estou apaixonada pelo filme”, escreveu a ex-babá em seu perfil no Facebook. “O que mais me tocou foi o fato de as pessoas verem o filme na pré estreia, e depois no debate após a exibição elas desabafarem, falar coisas que pareciam estar presas, entaladas. Isso pra me foi emocionante, super legal. O filme está despertando, fazendo as pessoas a falar, liberar a voz. Ótimo”.
A cineasta Anna Muylaert também é conhecida pelo roteiro do filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), e a direção de É Proibido Fumar (2009) e Durval Discos (2002).
Povo do Pq. Luiza atento à filmagem

Cidadania periférica
Regina Casé reagiu com carinho e bom humor ao assédio dos fãs moradores do bairro embuense. Depois de uma maratona de filmagens em pleno final de semana, a atriz mandou recado ao povo do Parque Luiza: “Domingo trabalhando de duas da tarde às duas da madrugada... Será que eu já tô merecendo cidadania embuense??? Super obrigada a todos os moradores que me receberam com tanto carinho!”, escreveu Casé na página do filme na rede social.

Depois de uma estreia tida como tímida, o filme agora é grande sucesso de público. No início eram vendidos em média 287 ingressos por dia em cada sala de cinema. Depois que o Ministério da Cultura anunciou o filme como o representante oficial brasileiro no Oscar, o número de salas de exibição saltou de 91 para 155 cinemas em 55 cidades brasileiras. O número de espectadores atualmente já passa de 200 mil pessoas no país. A aceitação tem sido boa também no exterior.
Regina Casé com moradores na Avenida Capivari, Pq. Luiza, Embu das Artes

3 comentários:

Anônimo disse...

Por falar em Embu das Artes, essa renomada cidade já deveria ter um bom historiador, para contar as novas gerações, a participação de Embu no filme SINHÁ- MOÇA, em 1953 e, já foi mostrado em uma novela, cujo nome era : O MESTIÇO, com o ator HELIO SOUTO, foi de bastante audiência, mostrada pela TV-Tupi-canal 4. Isso foi em 1962. A novela foi toda feita na chácara da atriz ELIANE LAJE e do grande galã brasileiro ANSELMO DUARTE. Não é demais saber, que também, o município de JUQITIBA, em 1966, também foi mostrado no filme : O SANTO MILAGROSO, com o ator DIONISIO AZEVEDO. A TV -Cultura, já mostrou esses filmes no "cine Brasil". É muito interessante, mostrando como eram bucólicos esses municípios, há algumas décadas atrás. Não é saudosismo, mas, sim cultura.

David da Silva disse...

Dá uma pauta boa suas informações. Vou desenvolver este assunto. Só não vou botar o título "Conisud no Cinema". Odeio essa sigla, inventada pelos políticos da nossa região. Serve pra bosta nenhuma. Vou chamar a matéria assim: "O sudoeste da Grande Sampa na tela do cinema".
Abraços, e obrigado!

Anônimo disse...

É muito bom, de se ver, cidades periféricas retratadas no cinema. O tempo passa tão rápido e, tudo se modifica. O interior de São Paulo por exemplo, já foi mostrado em diversos filmes. Entretanto , a área metropolitana, ainda é pouco conhecida. O que se espera dos diretores cinematográficos e, que façam o possível para mostrar pessoas dentro da realidade de fato, sem muito exagero de apelação. Que usem a imaginação mostrando seres normais que honestamente ganham com seu trabalho , enfrentando a vida. Que não sejam enredos "novelescos", repletos de maluquices de gente endiabrada. Deixem a ruindade para os filmes de terror.