segunda-feira, 26 de março de 2018

Uma noite no Palácio de Herodes

Sheila Peralles comanda as dançarinas na cena do Palácio de Herodes. Veja sinopse biográfica da artista no comentário desta postagem. Foto: Adelita Chohfi

David da Silva

Na noite da próxima 6ª-feira, na 62ª Encenação da Paixão de Cristo, o público de Taboão da Serra vai rever o polêmico episódio onde Salomé dança para Herodes, e pede que ele corte a cabeça de João Batista. A cena do Palácio de Herodes tem a coreografia de Sheila Peralles. Mas, qual a localização exata do palácio onde ocorreu o crime? Em qual data isso teria acontecido?
O historiador Flavius Josephus conta no livro 18, capítulo 5 da sua obra Antiguidades Judaicas que o pregador João Batista foi preso na fortaleza de Maqueronte, e ali foi executado. Escavações comandadas pelo arqueólogo húngaro Gyözö Vörös e divulgadas em setembro de 2016 confirmam – foi neste lugar onde Salomé dançou para o seu padrasto.
A fortaleza Maqueronte ficava na Jordânia, província também controlada por Herodes Ântipas, governador da Galileia. As ruínas encontradas indicam que Ântipas tinha preferência em morar naquele local por questões estratégicas. Além de mais luxuoso, era muito mais seguro do que o seu castelo na capital Tiberíades.
A fortaleza Maqueronte era vital para a defesa, pois dela se podia ver toda a região controlada por Ântipas até as cercanias de Jerusalém. Qualquer exército que quisesse se aproximar da cidade pelo lado oeste, teria de passar por Maqueronte.
Vista aérea com Jerusalém em 1º plano e Maqueronte ao fundo (no círculo)

Dimensões extraordinárias

A descoberta mais importante da equipe de Gyözö Vörös naquele sítio arqueológico foi um monumental mikve, recinto ritualístico para banhos de purificação.  Encontraram paredes maciças intactas com 9,2 m de altura do balneário usado por Herodes e sua família. É a primeira vez desde a antiguidade que se chega ao cálculo real das dimensões extraordinárias daquela edificação.
Simulação do balneário real em Maqueronte
As escavadeiras também encontraram uma enorme cisterna com 18 metros de profundidade. Em pleno deserto do Mar Morto, a cisterna regava os jardins da fortaleza e os banhos de estilo romano. A análise arqueológica mostrou que a cisterna permaneceu em uso durante todo o período herodiano.
Ântipas herdou palácio/fortaleza Maqueronte do seu pai rei Herodes, o Grande. Embora Ântipas fosse apenas um governador, exigia que seus súditos o chamassem de rei.
Herodes, o pai, havia acrescentado instalações de luxo à fortaleza, incluindo pátio com jardins, banho em estilo romano, um peristilo (pátio rodeado por colunas) e um triclínio (salão de jantar). A dança de Salomé deve ter acontecido em um destes dois ambientes, durante o banquete de aniversário.
Um dos espaços palacianos onde Salomé dançou para Herodes
O palácio/fortaleza foi destruído no ano 71 d.C. pela 10ª Legião Romana comandada por Lucilius Bassus. As escavações recentes encontraram nas paredes desmoronadas quatro mísseis balísticos romanos, e dois cilindros de colunas maciços bombardeados.

Quero agora

Outra evidência de que Salomé e seu padrasto estavam em Maqueronte quando mataram João Batista, é o fato de a garota ter dito “quero agora a cabeça dele”. A distância de ida e volta da casa oficial em Tiberíades até Maqueronte é de 350 quilômetros. Jerusalém é ainda mais longe: 600 quilômetros de ida e volta. Demoraria semanas até ter seu pedido atendido, caso não estivessem no mesmo local onde Batista estava preso.
Alguns estudos indicam que João Batista foi preso na localidade de Pereia no 6º mês do ano 26 d.C., e mantido no cárcere por 10 meses até a execução. Já para a morte de Cristo, as datas mais aceites são 7 de abril de 30 d.C. e 3 de abril de 33 d.C. Uma diferença de quatro a sete anos entre um episódio e outro.
Reconstituição da fortaleza/palácio de Maqueronte, na costa leste do Mar Morto, a 24 quilômetros da foz do Rio Jordão onde João Batista atuava



Um comentário:

Anônimo disse...

EU, SHEILA PERALLES
Em 2001 eu estava buscando equilíbrio e paz interior e entre uma crise e outra encontrei um templo que tinha aulas de domingo pertinho de casa e nunca mais parei.
Tudo começou como aulas de terapia e descontração, misturado com meditação e equilíbrio e aos poucos foi me dominando.
Depois de alguns anos fui buscando conhecer novos lugares e cheguei até a Casa de Chá Khan el Khalili onde comecei as aulas com um anjo chamado Shams. Ali tudo mudou mais uma vez e comecei a ver na dança possibilidades de fazer algo por outras pessoas como tinha sido comigo e algumas amigas pediram para dar aulas e assim comecei. Dando aulas no prédio onde morava, depois em um espaço estético até que abri meu espaço de dança, isso em meados de 2006.
Em 2008 tive que reduzir meus horários na dança porque fiz um MBA pela empresa onde trabalhei e foi algo que me deixou muito triste porque foquei em fazer aulas e aos poucos fui parando de dar aulas mas em contrapartida fui para o Egito (risos) e tudo mudou novamente.
Em 2009 organizamos um grupo para voltar ao Egito e tive certeza que estava voltando para minha casa de origem, enfim, retomei a dança de forma mais intensa e voltei a dar aulas em 2010 no Studio Rose dos Véus e em 2011 comecei uma nova história no Studio Espaço Corpo & Arte.
Nesse período fiz minha mascote e nossa foi incrível porque divulgo meu Studio no site da Central e como não tenho placa divulgando o espaço porque trabalho durante o dia em outra empresa, as pessoas vêm através do portal. Minha mascote é meu maior presente porque me identifico muito com ela.
Em cada período tive experiências incríveis e conheci aos poucos eventos maravilhosos e pessoas inesquecíveis que me fizeram pensar sempre em fazer o bem e através da dança tornar pessoas mais felizes. Shalimar Mattar é um destes seres iluminados que nos faz crescer e acreditar que com amor e dedicação tudo é possível.
Até março/2017 levei o Studio em paralelo mas agora decidi focar neste trabalho que me faz feliz e dei uma pausa no mundo corporativo depois quase 28 anos de dedicação total.
Acredito que com dedicação total vou conseguir fazer a dança de forma mais terapêutica e tornar o Poder Feminino que temos muito mais elevado e feliz.
(Publicado originalmente no site Central da Dança do Ventre)