Sheila Peralles comanda as dançarinas na cena do Palácio de Herodes. Veja sinopse biográfica da artista no comentário desta postagem. Foto: Adelita Chohfi |
David da Silva
Na noite da próxima 6ª-feira, na 62ª Encenação da Paixão
de Cristo, o público de Taboão da Serra vai rever o polêmico episódio onde Salomé
dança para Herodes, e pede que ele corte a cabeça de João Batista. A cena do Palácio
de Herodes tem a coreografia de Sheila Peralles. Mas, qual a localização exata
do palácio onde ocorreu o crime? Em qual data isso teria acontecido?
O historiador Flavius Josephus conta no livro 18,
capítulo 5 da sua obra Antiguidades
Judaicas que o pregador João Batista foi preso na fortaleza de Maqueronte,
e ali foi executado. Escavações comandadas pelo arqueólogo húngaro Gyözö Vörös
e divulgadas em setembro de 2016 confirmam – foi neste lugar onde Salomé dançou
para o seu padrasto.
A fortaleza Maqueronte ficava na Jordânia, província também
controlada por Herodes Ântipas, governador da Galileia. As ruínas encontradas
indicam que Ântipas tinha preferência em morar naquele local por questões
estratégicas. Além de mais luxuoso, era muito mais seguro do que o seu castelo na
capital Tiberíades.
A fortaleza Maqueronte era vital para a defesa, pois dela
se podia ver toda a região controlada por Ântipas até as cercanias de
Jerusalém. Qualquer exército que quisesse se aproximar da cidade pelo lado
oeste, teria de passar por Maqueronte.
Vista aérea com Jerusalém em 1º plano e Maqueronte ao fundo (no círculo) |
Dimensões
extraordinárias
A descoberta mais importante da equipe de Gyözö Vörös
naquele sítio arqueológico foi um monumental mikve, recinto ritualístico para banhos de purificação. Encontraram paredes maciças intactas com 9,2 m
de altura do balneário usado por Herodes e sua família. É a primeira vez
desde a antiguidade que se chega ao cálculo real das dimensões extraordinárias
daquela edificação.
Simulação do balneário real em Maqueronte |
As escavadeiras também encontraram uma enorme cisterna com
18 metros de profundidade. Em pleno deserto do Mar Morto, a cisterna regava os
jardins da fortaleza e os banhos de estilo romano. A análise arqueológica
mostrou que a cisterna permaneceu em uso durante todo o período herodiano.
Ântipas herdou palácio/fortaleza Maqueronte do seu pai rei
Herodes, o Grande. Embora Ântipas fosse apenas um governador, exigia que seus
súditos o chamassem de rei.
Herodes, o pai, havia acrescentado instalações de luxo à
fortaleza, incluindo pátio com jardins, banho em estilo romano, um peristilo
(pátio rodeado por colunas) e um triclínio (salão de jantar). A dança de Salomé
deve ter acontecido em um destes dois ambientes, durante o banquete de
aniversário.
Um dos espaços palacianos onde Salomé dançou para Herodes |
O palácio/fortaleza foi destruído no ano 71 d.C. pela 10ª
Legião Romana comandada por Lucilius Bassus. As escavações recentes encontraram
nas paredes desmoronadas quatro mísseis balísticos romanos, e dois cilindros de
colunas maciços bombardeados.
Quero agora
Outra evidência de que Salomé e seu padrasto estavam em
Maqueronte quando mataram João Batista, é o fato de a garota ter dito “quero
agora a cabeça dele”. A distância de ida e volta da casa oficial em Tiberíades
até Maqueronte é de 350 quilômetros. Jerusalém é ainda mais longe: 600
quilômetros de ida e volta. Demoraria semanas até ter seu pedido atendido, caso
não estivessem no mesmo local onde Batista estava preso.
Alguns estudos indicam que João Batista foi preso na
localidade de Pereia no 6º mês do ano 26 d.C., e mantido no cárcere por 10
meses até a execução. Já para a morte de Cristo, as datas mais aceites são 7 de
abril de 30 d.C. e 3 de abril de 33 d.C. Uma diferença de quatro a sete anos
entre um episódio e outro.
Reconstituição da fortaleza/palácio de Maqueronte, na costa leste do Mar Morto, a 24 quilômetros da foz do Rio Jordão onde João Batista atuava |
Um comentário:
EU, SHEILA PERALLES
Em 2001 eu estava buscando equilíbrio e paz interior e entre uma crise e outra encontrei um templo que tinha aulas de domingo pertinho de casa e nunca mais parei.
Tudo começou como aulas de terapia e descontração, misturado com meditação e equilíbrio e aos poucos foi me dominando.
Depois de alguns anos fui buscando conhecer novos lugares e cheguei até a Casa de Chá Khan el Khalili onde comecei as aulas com um anjo chamado Shams. Ali tudo mudou mais uma vez e comecei a ver na dança possibilidades de fazer algo por outras pessoas como tinha sido comigo e algumas amigas pediram para dar aulas e assim comecei. Dando aulas no prédio onde morava, depois em um espaço estético até que abri meu espaço de dança, isso em meados de 2006.
Em 2008 tive que reduzir meus horários na dança porque fiz um MBA pela empresa onde trabalhei e foi algo que me deixou muito triste porque foquei em fazer aulas e aos poucos fui parando de dar aulas mas em contrapartida fui para o Egito (risos) e tudo mudou novamente.
Em 2009 organizamos um grupo para voltar ao Egito e tive certeza que estava voltando para minha casa de origem, enfim, retomei a dança de forma mais intensa e voltei a dar aulas em 2010 no Studio Rose dos Véus e em 2011 comecei uma nova história no Studio Espaço Corpo & Arte.
Nesse período fiz minha mascote e nossa foi incrível porque divulgo meu Studio no site da Central e como não tenho placa divulgando o espaço porque trabalho durante o dia em outra empresa, as pessoas vêm através do portal. Minha mascote é meu maior presente porque me identifico muito com ela.
Em cada período tive experiências incríveis e conheci aos poucos eventos maravilhosos e pessoas inesquecíveis que me fizeram pensar sempre em fazer o bem e através da dança tornar pessoas mais felizes. Shalimar Mattar é um destes seres iluminados que nos faz crescer e acreditar que com amor e dedicação tudo é possível.
Até março/2017 levei o Studio em paralelo mas agora decidi focar neste trabalho que me faz feliz e dei uma pausa no mundo corporativo depois quase 28 anos de dedicação total.
Acredito que com dedicação total vou conseguir fazer a dança de forma mais terapêutica e tornar o Poder Feminino que temos muito mais elevado e feliz.
(Publicado originalmente no site Central da Dança do Ventre)
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