domingo, 23 de maio de 2021

Indecisa, gestão Aprígio desacredita secretária e consulta pais sobre volta às aulas


David da Silva

Elaborado pela secretária Dirce Takano (Educação), o plano de retomada nas escolas municipais de Taboão da Serra arranhou a popularidade da gestão Aprígio. Acossado, o prefeito pediu uma pesquisa com pais de alunos pela internet para orientar sua decisão sobre a volta às salas de aula.

Se o alcaide optar pela manutenção das aulas remotas, será um desgaste para Takano, que já desenhou o calendário escolar com a reabertura das escolas no próximo dia 1º de junho.

Pesquisa de opinião pública realizada entre agosto e setembro de 2020 apontou que apenas 12,1% dos pais de alunos querem a reabertura das salas de aula em Taboão da Serra. Das 12.405 pessoas ouvidas na época, 87,9% preferem as aulas à distância enquanto a população não esteja vacinada contra a Covid-19.

Atualmente, 46% dos brasileiros preferem escolas fechadas na pandemia e 28% apoiam reabertura parcial das unidades de ensino. Outros 18% defendem o fechamento apenas nas fases mais críticas, 7% querem abertura em qualquer situação, e 1% não tem opinião, segundo o Datafolha que fez a consulta nos dias 11 e 12 de maio.

Pressa

O prefeito de Taboão quer que a pesquisa seja respondida até a 3ª-feira 25 de maio. O plano de reabertura de Dirce Takano foi publicado na imprensa oficial em 14 de maio. Mas desde o dia 11 os funcionários do quadro de apoio escolar já tiveram de retornar ao trabalho presencial. Os professores ainda não voltaram às salas de aula, porém são convocados para reuniões de conselho de classe, entregas de materiais didáticos e encontros com pais de alunos dentro das escolas.

Em uma dessas atividades presenciais uma professora (PEB I) da EMI Anjinho, com 12 anos de prefeitura, teria contraído coronavírus segundo funcionárias da rede de ensino ouvidas pela reportagem. “Nossa maior preocupação é que ela mora com o pai que tem comorbidade, e com uma filha adolescente”, confidencia uma colega.

O blog apurou até o momento 16 casos confirmados de Covid-19 em servidores da rede municipal de ensino, alguns com internação hospitalar.

A divulgação dos contágios mobilizou o pessoal que trabalha diretamente com os alunos. O sindicato do funcionalismo público municipal (SindTaboão) está com um mandado de segurança coletivo tramitando na segunda instância. A bandeira de luta da entidade é pela vacinação completa dos trabalhadores do “chão da escola”.

Manipulação

A mãe de um aluno da EMEF Edson Mambelli relata que, ao telefonar para a Secretaria da Educação, foi informada que “todos [professores] tinham sido vacinados”. A denúncia foi reproduzida no Facebook e gerou reações contrariadas como a de uma professora da EMSG Rui Barbosa, com 10 anos de prefeitura, e de uma auxiliar de classe da EMI Jurema, com 7 anos de casa. Ambas garantem em seus comentários que não foram vacinadas.

Mensagem de mãe de aluno em grupo do whatsapp

Funcionárias na condição de anonimato afirmam que a administração está “deixando os pais de alunos confusos com relação ao benefício do Cartão-Merenda”, se o auxílio (R$ 70 para cada criança) destinado a 28.459 alunos matriculados na rede municipal continua ou não, se voltarem as aulas presenciais. Ainda conforme essas profissionais, a Secretaria da Educação estaria pressionando as famílias a concordarem com a reabertura das escolas, e induzindo respostas na pesquisa.

Professores com doenças preexistentes podem requerer tratamento diferenciado no retorno gradual e progressivo da volta às salas de aula, que a secretária Takano estipulou em três fases. Mas segundo os servidores a Secretaria de Gestão de Pessoas “não está aceitando declaração de professores com comorbidades; querem atestado de licença médica”.

2 comentários:

Fernanda Candida Garcia disse...

A situação está bem complicada mesmo, estamos bastante apreesivos com essa volta, este ano já perdemos muitos funcionários por causa da covid , outros se encontram internados ou em recuperação,a pouco tivemos a triste noticia de um vice diretor que veio a óbito.Meu Deus! Três irmãos da sua família foram a óbito por conta da covid.E ainda querem que voltemos.Não estamos bem com isso.Não Estamos todos vacinados, quem disse isso,está mentindo e nos colocando em perigo.Além disso, sou um dos casos de comorbidade, estamos confusas,estão dificultando para que não peguemos o afastamento.Só pedimos socorro,para que olhem a nossa situação

Miriam Luciana de Souza disse...

Triste esse desencontro de informações... Mas creches a maioria das funcionárias não tomaram vacinas, pois não tem mais de 47 anos, e fora que a vacina não te dá garantia de pegar. Sem entender o pq dessa volta, dessa maneira onde sabemos que as escolas não estão preparadas para o retorno e segurança de quem irá trabalhar e frequentar 😔