Obra da prefeitura causa danos no Parque São Joaquim

Lama da construção está invadindo moradias

David da Silva | Eddie Ferraz
A construção de uma praça no Parque São Joaquim tem provocado invasão de lama em algumas casas do bairro. Essa praça já deveria estar concluída, pois em 2022 a Prefeitura de Taboão da Serra lançou o convite C-009/22, mas cancelou a licitação em agosto daquele ano. A área pública ficou abandonada por 15 meses. Em 22.nov.2023, foi escolhida a empreiteira, porém o serviço só teve início no último dia 9 de janeiro.

Contratada por R$ 357.038,05, a WP Serviços e Obras iniciou a movimentação de terra, mas não fez o talude, que é um plano de terreno inclinado que limita um aterro, e tem como função garantir a sua estabilidade. A empreiteira acumulou a terra na borda do terreno, e com as chuvas o material deslizou para a residência que fica em um plano abaixo.

Morar vizinha a esse terreno municipal é uma história de transtornos para Marly Ribeiro. “Em dezembro de 2022, tive que derrubar o muro da minha casa. Uma parte dele caiu por causa da pressão da água de chuva que desce do terreno da prefeitura, e ele também teve infiltração de esgoto”, conta ela, que desde 2001 é dona do imóvel da Rua Antolin Munhoz, nº 147.

A retirada do muro fragilizou a segurança da casa, que passou a ser protegida por uma cerca de tela de arame.

Uma foto de março/2022 mostra o capinzal do terreno público debruçado sobre um muro de três metros de altura no final da Rua Antolin Munhoz.

Esse muro, que torna a via sem saída, será demolido para dar lugar a uma escadaria de acesso para a Rua Ricardo Knorick, com quem a futura área de lazer fará frente.

Com os serviços de construção da praça, os problemas de Marly Ribeiro aumentaram. Em 21.jan.2024, seu quintal recebeu a primeira “visita” da lama oriunda da obra. “Já tenho fotos de vários dias que a lama entra no meu quintal”, enumera.

A moradora acionou a administração municipal. “Tenho falado com o engenheiro Marcos. No final de janeiro, ele veio aqui. O encarregado da obra Douglas disse que a prefeitura autorizou a construção do meu muro. Mas falaram para eu ter paciência, e esperar parar de chover. Só que a chuva não atrapalha eles de jogar terra na minha casa”, critica.

Se depender das chuvas para ter seu muro de volta, a espera de Marly será longa.

No Informativo nº 6/2024, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta que “entre os dias 27 de fevereiro e 6 de março de 2024, a previsão indica volumes de chuva maiores que 60 milímetros em grande parte do País”. A Climatempo adverte que, neste período, pancadas de chuva devem provocar transtornos na Grande São Paulo.

“Não tenho como guardar o carro no quintal. O portão, não consigo nem abrir de tanto barro”, reclama.

Questionada se pretende levar o caso ao Fórum por danos morais e materiais, Marly responde com outra pergunta: “Como posso? Eu fui ver. Disseram que não tenho direito à justiça gratuita. Não tenho dinheiro para contratar advogado. Não consigo fazer nada além disso [reclamar com a prefeitura]”.

Na mesma rua, outra casa foi tomada pela lama, relata o pai de três meninas portadoras de necessidades especiais, todas elas cadeirantes.

Quintal invadido por lama
Fotos: Marly Ribeiro

Terra do canteiro de obra

Terreno da prefeitura ficou abandonado: