O ex-governista vereador Carlos Pereira da Silva denunciou nesta 3ª-feira (23) a utilização eleitoreira de pessoas inscritas no Programa de Apoio Profissional (PAP) da Prefeitura de Taboão da Serra, vulgarmente chamado “frente de trabalho”. No último dia 17, o Tribunal de Justiça (TJ-SP) declarou o PAP-Taboão inconstitucional, e a lei que o criou deverá ser extinta em 2025.
Para
a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de São Paulo, o PAP-Taboão é uma “verdadeira
contratação temporária de pessoas desempregadas” para executar funções de
serviços gerais, construção civil, paisagismo e jardinagem, e até recepção em
unidades básicas de saúde. O objetivo principal do programa seria o de orientar
pessoas de baixa renda para a requalificação profissional, conforme a lei 1.878/2009
e o decreto 92/2009.
“São
normas travestidas de programa social“, acusa o Ministério Público. A Ação
Direta de Inconstitucionalidade acusou a Prefeitura de Taboão de obrigar essas
pessoas a jornadas de trabalho, ganhando menos de um salário mínimo, além de
exercer funções na administração municipal sem o devido concurso público.
No
ano passado, o blog bar&lanches
taboão apurou que até outubro/2023 havia 989 inscritos no PAP-Taboão. Após
a abertura do processo no TJ-SP, os nomes dessas pessoas
deixaram de aparecer na folha de pagamentos da prefeitura, e os valores pagos a
elas são lançados em outro movimento contábil.
Em
17.abr.2024, o Órgão Especial do TJ-SP declarou a inconstitucionalidade do
programa. A decisão foi unânime. Os efeitos dessa sentença vão se dar em 120
dias a partir de 01.jan.2025.
Segundo o Acórdão Judicial liberado na última 5ª-feira (18), o presidente da Câmara Municipal de Taboão da Serra André Egydio, embora devidamente intimado, deixou de prestar informações no prazo legal.
INSCRITOS NO PAP-TABOÃO*
Fonte: Prefeitura de Taboão da Serra
Assédio eleitoral
Na
sessão de hoje (23), o vereador Carlos Pereira da Silva, o Carlinhos do Leme,
acusou que algumas pessoas inscritas no PAP-Taboão e que prestam serviços no
campo de futebol do Jd Leme, foram orientadas a não comparecer no seu local de
trabalho para ficarem à disposição “de uma candidata tal”. “Eu não vou dar o
nome [da candidata] por enquanto. Eu quero que [a ordem] seja por escrito”,
diz.
O
parlamentar, que rompeu com o governo no início deste mês, afiou a língua em
direção ao gabinete do prefeito. “Quantas vezes a gente pediu [ao Executivo] para
colocar o benefício do PAP para R$ 1.100,00? Não mandaram [o projeto de lei].
Agora querem explorar politicamente essas pessoas”.
Dirigindo-se
a seus colegas da Câmara, o vereador lançou a ameaça: “Falei nos bastidores.
Vocês são testemunhas disto. Não vou dar o nome de ninguém. Enquanto tiver como
conversar, vamos conversar. Quando não tiver, tem que judicializar, fazer do
jeito que tem que ser feito”, concluiu ele, insinuando uma eventual denúncia ao
Ministério Público.
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