Homem que se jogou em córrego é achado morto no piscinão da Sharp

 Bombeiros procuraram pelo corpo por três dias

David da Silva

O morador do bairro Jd Clementino que se lançou nas águas do córrego Pirajuçara durante o temporal de domingo (2), foi encontrado nesta 4ª-feira pelo Corpo de Bombeiros no reservatório popularmente conhecido por “piscinão da Sharp”, na altura do nº 6.197 da Estrada do Campo Limpo.

Flávio Julião Santos, 55 anos, era dependente químico, e estava em um boteco da Rua Nicolau Gentile naquela noite. Surgiu o desafio mortal. Quem se jogasse no córrego, ganharia um corote (embalagem de meio litro) de pinga. Segundo testemunhas, Flávio Julião teria pulado três vezes. Na terceira, a correnteza o levou.

Por volta das 16h de ontem, sua foto foi divulgada nas redes sociais como pessoa desaparecida. Os bombeiros já haviam feito buscas em dois piscinões. Perto da meia-noite, o vizinho Hugo Leon ainda tinha esperanças: “Pra quem conhece o Flávio, ele tá vivo ainda. E deve estar perambulando em surto psicótico”.

Imagens de uma câmera de segurança obtidas pelo blog bar&lanches taboão , mostram que às 19h36 Flávio Julião chega na beira do córrego; depois se dirige fumando até a um bar, fala alguma coisa com alguém, tira o boné que trazia na cabeça, e dá o primeiro mergulho nas águas bravias, agitadas pelo temporal. Ele desce nadando e sai do córrego cerca de 60 metros abaixo.

A turma se divertia com a ousadia do homem. E ele repetiu a façanha por mais duas vezes.

Outro vídeo, divulgado pelo Portal O Taboanense, mostra Flávio mergulhando para a morte. Aos 50 segundos desse segundo vídeo no final do texto, quem está gravando exclama: “ Aí fodeu! Deu ruim, hein!”.

Flávio não voltou mais.

A atitude dos colegas de copo foi deplorada no bairro.

A vizinha de Flávio dá detalhes de uma vida. “Quem conhece os meninos [Flávio e os dois irmãos]] sabe que eles já passaram por muitas coisas durante a vida inteira. Ele sofria com uma forte depressão descontada em álcool e drogas. Mas tinha um coração imenso”, conta Myah Chiah.

Ronaldo Candido Bellizzieri conhecia Flávio Julião desde criança. “Ele era incrível. Meu amigão de infância. As pessoas rindo e filmando... Sabe, com uma vida não se faz assim. Poderiam ter impedido”.

A moradora Simone Degliesposti endossa as palavras dos amigos: “O Flávio era da hora, independente dos problemas dele. Sempre muito respeitoso. Muito triste isso que aconteceu com ele”.

Flávio Julião estava solteiro. Morava com outros dois irmãos, todos em casas separadas, em um mesmo quintal.

Em 2010, a reportagem do blog bar&lanches taboão acompanhou uma ocorrência policial envolvendo Flávio. Ele trabalhava de vigia, na época.

Vídeo do primeiro mergulho:

Vídeo do último mergulho: