O itapecericano Diego em sua casa-árvore - Foto: Epitácio Pessoa | Estadão |
Hoje com 26 anos, mora na
casa que ele próprio montou nos galhos de uma centenária figueira branca na Avenida
23 de Maio, no centro da Capital São Paulo.
Diego contou à repórter
Juliana Deodoro, do jornal O Estado de São Paulo, por que saiu de Itapecerica
da Serra:
“Eu chamava minha avó de mãe.
Depois que ela morreu, meus tios me maltratavam e fugi de casa”.
Seu lar agora é formado
por pedaços de madeiras presos aos galhos da figueira. Cobertores servem de
paredes sob o teto de plástico.
É a segunda “casa” que
Diego construiu na mesma árvore. "Na antiga, tinha uma parede de madeira
que deixava ela fechadinha. Pintei tudo de verde e, se você olhava de longe,
não percebia que a casa estava entre as folhas", conta ao lembrar que há
dois anos sua moradia foi destroçada por funcionários da prefeitura.
Faz sua higiene diária em
duas bicas de água limpa nascente próximo à sua casa-árvore. As roupas são
estendidas nos galhos mais finos, improvisados como varais. Neles também
pendura objetos pessoais.
Mas nunca vai “pra rua”
sem seus pertences na mochila: escova de dentes, desodorante, xampu, sabonete,
escova de lavar roupas, isqueiro, cigarros e camisinha.
"Aqui me protejo da
polícia, dos noias e de outros moradores de rua. Era meu sonho mesmo ter uma
casa na árvore. Tem dia em que sento ali em cima e viajo... a 23 de Maio
subindo e descendo."
O barulho do trânsito não
empata seu sono. "Vira até sinfonia". Mas curte o som da madrugada:
"É a única hora de silêncio."
Diego tem consciência
cidadã: "Queriam comprar a casa por R$ 500 duas semanas atrás. Fiquei
quase ofendido. Para começar, esse aqui é um espaço da Prefeitura. E outra: é a
minha casa, não posso vender. Olha essa vista! Todo dia agradeço a Deus por
essa árvore".
Reproduzido de: Estadão
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