quarta-feira, 25 de junho de 2014

Pés de tomates trocam mensagens entre si

  "As rosas não falam”, diz Cartola. Mas os tomateiros mandam recados

O tomate foi domesticado pelos incas do Peru, e teve sua lavoura expandida pelos maias e astecas do México. Seu nome nome no idioma asteca é “tomatl”

Em novembro de 2013 cientistas japoneses divulgaram uma experiência encantadora. Colocaram potes com tomateiros em dois recipientes de vidro, ligados por um tubo para passagem de ar. Depositaram larvas de insetos herbívoros nas folhas do primeiro grupo de plantas. Por duas horas as larvas devoraram os tomateiros. Durante todo este tempo, os tomateiros do segundo recipiente ficaram recebendo o ar que vinha dos tomateiros atacados.

Terminado o experimento, os cientistas colocaram larvas herbívoras nos tomateiros do segundo recipiente, e recolocaram larvas naqueles que já tinham sofrido ataque. Verificaram que os tomateiros do segundo lote estavam imunes às larvas, enquanto seus “colegas” permaneciam vítimas da fome insaciável dos filhotes de insetos.

Para saber o que estava protegendo as plantas do segundo recipiente, compararam as moléculas das folhas atacadas com as das plantas imunes.

Descobriram que nos tomateiros resistentes havia uma molécula a mais, chamada HexVic. Para saber se era mesmo esta molécula a valente defensora dos tomateiros do segundo grupo, adicionaram HexVic na dieta das larvas. Não deu outra. Elas morriam mais depressa, ou não se desenvolviam bem.

Mas... como é que o HexVic foi parar nos tomateiros do segundo grupo?

Recolheram moléculas do ar daquele tubo de passagem, e nelas descobriram uma molécula bem parecida com o HexVic. Marcaram os átomos desta molécula, e borrifaram nas folhas das plantas sadias. Quando recolheram o HexVic, ele continha aqueles mesmos átomos marcados.

Conclusão: ao serem atacados, os tomateiros do primeiro recipiente liberaram no ar uma substância que foi parar sobre seus vizinhos. Ao receberem esse sinal químico, capturaram a molécula precursora e “fabricaram” seu próprio defensivo agrícola, o HexVic.

Esta experiência maravilhosa aconteceu no Departamento de Nutrição e Ciências da Vida, do Instituto de Tecnologia Kanagawa, Japão.


Pablo Neruda na sua ode ao tomate disse que este fruto cor de fogo pega o verão pela cintura, invade as cozinhas, e senta repousado nas travessas. Cabe a nós, infelizmente, assassiná-lo; afundar a faca na sua polpa viva, abri-lo em dois hemisférios de vermelho víscera. Para Neruda, o tomate tem luz própria; é um sol fresco, profundo, inesgotável. Casa-se alegremente com a branca cebola.

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