Por Fernanda Macedo
O dom de conceber ou adotar um filho, e
conciliar isso com o trabalho na segurança pública, é um desafio e tanto.
Esse é o caso de Cláudia Martinez,
36, guarda civil municipal (GCM) de
Taboão da Serra, há oito anos na profissão. Ela, que sempre nutriu o sonho de
ser policial, viu a oportunidade bater à sua porta ao se deparar com o anúncio
de um concurso público no jornal. Hoje, além de cuidar dos dois filhos, um de
12 e outro de quatro anos, trabalha na Câmara de Vereadores e ainda arruma
tempo para cursar a faculdade de Direito.
Cláudia Martinez. Foto: Wladimir Raeder |
“Maternidade é uma das coisas mais
incríveis que acontece na vida de uma mulher. Conciliar trabalho e a dedicação
não é fácil. Trabalhar sem horário para voltar, e sem saber se vai voltar, é um
desafio difícil para as mães que se dividem entre os filhos e a guarda civil
municipal”, alerta Cláudia sobre os riscos da profissão.
Atualmente trabalham na GCM de Taboão
da Serra aproximadamente 200 guardas; apenas 30 são mulheres. Cláudia conta que
no começo de sua carreira, por ser mulher, sofreu preconceito, mas que hoje é
muito respeitada entre os colegas e pela população de Taboão da Serra. E mesmo
com as adversidades que precisa superar em seu dia a dia, Cláudia se sente
realizada: “A Guarda Civil está trabalhando muito, o secretário de segurança,
doutor Gerson Brito, vem realizando um excelente trabalho na corporação
juntamente com o prefeito Fernando Fernandes. Eles modificaram tudo e estão
fazendo seu trabalho com excelência”.
Por não trabalhar aos finais de semana
e feriados, ela consegue acompanhar os filhos em datas especiais. Isso permite
que passe mais tempo com eles e possa participar das atividades de lazer.
Perto
da rua, longe dos filhos
GCM Mônica. Foto: Reprodução |
Mônica, que foi a terceira mulher a
ocupar um posto na Guarda Civil de Taboão, se sente muito orgulhosa dessa
conquista, pois enfrentou resistência até mesmo de seu marido à época, que
afirmava não acreditar em sua capacidade de conseguir o emprego. Provando
exatamente o contrário, ela não só conseguiu, como passou em primeiro lugar no
concurso feminino, e fez parte da corporação por 17 anos.
No início da carreira deixava as filhas
sozinhas para poder concluir o ensino médio. E mesmo trabalhando na GCM teve
que fazer alguns “bicos” para pagar a escola das meninas. Passou por algumas
dificuldades até conseguir se estabilizar.
Aposentada há um ano, Mônica ainda
tenta se adaptar à nova rotina. Como trabalhou muito tempo no período da noite,
hoje tem dificuldade para dormir. Mas agora se sente feliz por conseguir
participar da vida de seu filho mais novo que tem 10 anos.
Mônica lembra com muito carinho do
período que atuou como guarda civil: “Trabalhei com muito amor à minha
profissão. Eu tinha prazer em poder sair pra trabalhar na rua. Mesmo sendo algo
perigoso, foi um encantamento. Claro que houve algumas decepções, mas na
maioria das vezes eu me sentia homenageada, pois sabia que todo meu esforço
valeu a pena”.
Superação
e precaução
Fica evidente o orgulho que essas
mulheres sentem por conseguirem conciliar uma profissão tão nobre com a difícil
e não menos importante tarefa que é ser mãe: “Comecei a enxergar a vida de
outra maneira. A preocupação comigo aumentou. Eu raciocinava: “preciso voltar bem
pra casa porque eu tenho duas vidas me esperando”. Se você me perguntar o que é
ser mãe e ao mesmo tempo agente de segurança pública, eu te respondo é
tornar-se a mulher maravilha”, resume Cláudia.
A respeito de “pancadões e rolezinhos”
que vinham acontecendo com frequência no bairro e shoppings da região, Cláudia
dá sua opinião como mãe: “Sou totalmente contra. Enquanto eu detiver o poder
sobre os meus filhos, eu não aceito”.
Mônica, que na época trabalhava na rua
e atendeu vários chamados sobre este assunto, conta como era a experiência ao
lidar com esse tipo de situação: “É uma onda, uma moda. Nós chegávamos ao local
e muitos abaixavam o som. Mas ao virarmos as costas eles aumentavam o volume
novamente. Não existe respeito não só com o policial, mas também com o vizinho,
os idosos e as crianças”.
Na opinião de Cláudia, os pais deveriam
orientar melhor seus filhos, conversar com eles e influenciá-los a participar
de atividades de lazer que não incomodem outras pessoas.
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