Biografia da poetisa está conservada em um cofre no fundo de uma montanha gelada no Círculo Polar Ártico
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Agora a poetisa Tula Pilar tem dois endereços. O primeiro, é a residência dela aqui em Taboão da Serra. O segundo, é o arquipélago de Svalbard, no Mar da Noruega, onde desde o último dia 21 de fevereiro a sua história de vida está depositada em um cofre à prova de desastres, a mais de 100 metros de profundidade, em uma extinta mina de carvão.
Svalbard
é a última cidade do planeta para quem navega em direção ao Polo Norte. Passou
dali, são só geleiras. É a região do imperecível permafrost – o gelo que nunca derrete. A biografia de Tula Pilar
foi parar lá pela parceria do Arquivo Mundial do Ártico com o Museu da Pessoa,
que transferiu para aquela instituição 100 horas de gravações da sua coleção “Memórias
de Brasileiros e Brasileiras”.
O
Museu da Pessoa no Brasil tem mais de 20 mil histórias de vidas gravadas. Mas,
para integrar o acervo do arquivo global precisou selecionar os relatos de
apenas 300 pessoas. Tula Pilar foi uma das escolhidas.
O
Arquivo Mundial do Ártico foi fundado em março de 2017 graças à associação da
PIQL, empresa de ponta em preservação de arquivos, e a mineradora Store Norske
Spitsbergen Kulkompani, empresa estatal pertencente ao Governo da Noruega.
Os
relatos pessoais estão armazenados em uma região a salvo de terremotos e
bombardeios em caso de guerra. Nem mesmo os hackers conseguirão profanar este
depósito de dados, pois o local não está conectado à internet. As informações
ali estocadas podem durar por mais de 500 anos.
No cocuruto
do planeta
A
“casa” onde as memórias da Pilar estão “morando” foi descoberta pelos vikings
em 1194.
O
arquipélago Svalbard está a 560 km da costa da Noruega e a 1.300 km do coração
do Polo Norte.
Em
1899 foram descobertas grandes jazidas de carvão na ilha. O americano que
explorava essa riqueza mineral, e levou as primeiras pessoas a morar lá, foi à
falência em 1916, devido à Primeira Guerra Mundial. O governo norueguês comprou
o negócio, e até hoje é dono de tudo por lá.
A
biografia de Tula Pilar está acondicionada em uma instalação vizinha ao Silo
Global de Sementes, que guarda quatro milhões e meio de espécies de sementes de
quase todas as espécies vegetais do planeta.
Na
foto abaixo, a porta da mina nº 3, aberta em 1984 e desativada quando a
extração do carvão terminou. O local foi recondicionado para receber os
arquivos de documentos, obras de arte e depoimentos humanos.
A mina nº 3 restaurada virou o Arquivo Mundial do Ártico |
Pilar e o urso polar
Segundo
o Gabinete Central de Estatísticas da Noruega hoje Svalbard tem 2.310 habitantes,
sendo 1.239 homens e 1.071 mulheres.
Na
região daquele arquipélago vivem 975 ursos polares, disse o relatório de
pesquisadores noruegueses em dezembro de 2015. Isso dá uma média de um urso
para cada três moradores da ilha.
Até
placas de trânsito alertam para a presença de ursos em toda parte de Svalbard. Exemplo
da eficácia do alerta é o ocorrido em 3 de junho do ano passado.
Às
7h30 daquele domingo a polícia de Svalbard recebeu um chamado. Havia um urso
polar dentro de um dos hotéis.
Foto: Hilde Kristin Røsvik |
A
jornalista Hilde Kristin Røsvik chegou ao local antes da polícia, e a situação foi considerada segura. “Estamos acostumados com isso por aqui, por isso os funcionários andam
sempre com rifles por aí”, relata a repórter. Quando os policiais chegaram de helicóptero, com o barulho o
urso saiu pela janela, deixando uma bagunça feliz na despensa do hotel.
Em
2014 outro urso entrou no bar do Hotel Tulipan, no mesmo vilarejo.
Mas
o último caso de pessoa morta por urso em Svalbard foi em 1995.
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