Funcionários da EMEF Armando de Andrade foram
orientados a fazer teste contra Covid devido à morte do colega de trabalho.
Foto: Reprodução
David da Silva
O
servidor público Adilson Antonio dos Santos, 48 anos, morreu no último domingo,
30 de maio, com quadro de saúde supostamente agravado pela Covid-19, segundo
informações de seus colegas de serviço na EMEF Armando de Andrade, onde era
auxiliar de classe e tinha sete anos de casa na Prefeitura de
Taboão da Serra. A esposa nega que foi infectado. Mas, de acordo com funcionários da escola, todas as pessoas que mantiveram
contato com ele no ambiente de trabalho foram orientadas a fazer o teste do
coronavírus.
O Boletim Epidemiológico da Prefeitura de Taboão da Serra emitido em 30 de maio confirmou a morte de um homem de 48 anos - mesma data e mesma idade do auxiliar de classe Adilson Antonio dos Santos - na UPA Akira Tada, centro de atendimento à Covid.
Sepultado
às 10h da 2ª-feira sem direito a velório, Adilson entrou por concurso público
na prefeitura em 1º de agosto de 2014. No último dia 26 de janeiro havia completado
48 anos de idade. O amor pelo seu ofício de ensinar artes estava expresso na
forma de identificar seu perfil no Facebook como “Adilson Artgarantida”.
Caso
se confirme a causa como Covid, esta terá sido a segunda morte causada pela
pandemia na rede municipal de Ensino em uma mesma semana. Cinco dias antes de
Adilson falecer, morreu com coronavírus o funcionário público Evaldo Dias da
Silva Junior, vice-diretor da EMEF Rachel de Queiroz. Ele estava há cinco anos
concursado na Prefeitura de Taboão da Serra.
Ao responder às condolências no Facebook, a viúva de Adilson, que também é funcionária de escola do ensino básico na prefeitura local, expressou: “eu e minhas filhas agradecemos pelo carinho” [...] “Se cuidem, porque governantes não cuidam de ninguém”, desabafou.
Adilson trabalhava na Prefeitura de Taboão há sete anos. Foto: Facebook/reprodução |
Medo nas escolas
Um grupo de auxiliares de classe – a mesma função exercida por Adilson Antonio dos Santos – se dirigiu ao gabinete da secretária da Educação na 2ª-feira, 31 de maio, para, segundo eles, levar “os temores e anseios da categoria para não voltar presencialmente a trabalhar nas unidades escolares, tendo em vista que o decreto de permanência das aulas de maneira remota torna desnecessária nossa presença nas escolas”, diz o documento elaborado por esses profissionais após a reunião com Dirce Takano.
A conversa da secretária com os auxiliares de classe não foi
conclusiva. Ela disse, naquele dia, que estava analisando a forma de cumprir o
esquema de revezamento de funcionários no serviço presencial, determinado pela
Secretaria de Gestão de Pessoas para vigorar no período de 1º a 14 de junho.
O que deixa o funcionalismo ainda mais confuso é que a
própria circular emitida em 28 de maio pela Gestão de Pessoas diz que o prazo
de 14 dias da escala de revezamento é “sujeito a reavaliação”.
O trabalho remoto dos trabalhadores do ensino foi revogado por
Dirce Takano em 11 de maio. Neste período do pós-retorno o blog apurou 16 casos
confirmados de Covid em funcionários de sete escolas da rede municipal.
Segunda tentativa
O plano do prefeito Aprígio e de Dirce Takano era colocar
alunos e professores de volta nas escolas municipais na 3ª-feira, 1º de junho. Perante
à reação negativa dos pais, Aprígio recuou.
Esta foi a segunda vez neste ano que o prefeito e Dirce
tentaram ocupar as salas de aula durante a pandemia. A intenção de reabrir as
escolas em 15 de março foi abortada depois que um documento interno da
Secretaria da Educação vazou para o blog no dia 3 daquele mês.
Na ocasião, Aprígio prometeu: “Enquanto não houver
diminuição no número de casos confirmados e óbitos [...] não serão retomadas as
aulas presenciais”, diz a nota assinada pela sua Secretaria de Comunicação.
Levantamentos feitos pelo jornalista Adilson Oliveira, do
site Verbo on Line, apontam a escalada vertiginosa do número de mortos pela
Covid-19 em Taboão da Serra nos últimos três meses. Foram 83 mortes em março,
124 mortes em abril, e 104 mortes em maio.
Ontem, 4ª-feira 2 de junho, mais 5 pessoas morreram na UPA
Akira Tada, elevando para 726 óbitos causados pela pandemia no município.
Os trabalhadores do ensino exigem as duas doses da vacina contra a Covid antes de retomarem seus cargos dentro das escolas.
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