David
da Silva
O policial Rodrigo Gentil Falcão, 38 anos, nomeado no último
2 de agosto secretário municipal da Segurança de Taboão da Serra, praticou um
deslize constitucional nesta 6ª-feira, 27 de agosto. Liberado do cargo de delegado
da Polícia Civil paulista para servir à gestão Aprígio-Buscarini, Rodrigo
batizou uma operação da Guarda Civil Municipal com o nome do apresentador de televisão
José Luiz Datena. Dar nome de pessoa a ações do poder público é proibido pela
Constituição Federal. Datena é pré-candidato confesso a cargo eletivo.
Exaltação
Na entrevista ao vivo ao programa Brasil Urgente, da TV Band, na tarde desta 6ª-feira, o secretário
da Segurança de Taboão da Serra declarou que a ação da GCM local na repressão a
transferências criminosas pelo PIX estava denominada com o sobrenome do
apresentador José Luiz Datena. “A gente tá deflagrando agora essa ‘Operação Datena’, tâmos contando com
cerca de 10 viaturas”, disse Rodrigo Falcão ao referir-se a uma vítima de sequestradores
especializados em saques por meio do aplicativo bancário. A quantidade de
veículos destinada à operação simboliza parte gigantesca da frota policial
empenhada na homenagem ao astro da televisão.
Cartório
eleitoral
Datena
é freguês antigo de cartórios eleitorais. Petista por 23 anos a partir de 1992,
em setembro de 2015 prometeu concorrer à Prefeitura da Cidade de São Paulo pelo
PP de Paulo Maluf. Recuou. Em 2017 ligou-se ao PRP. Em junho de 2018 ameaçou
candidatar-se ao Senado pelo DEM. De novo desistiu. Em 2020 migrou para o MDB.
Agora está no PSL.
"Hoje,
hoje, neste momento, sou pré-candidato à Presidência da República", disse
Datena no seu programa da Radio Band em 9 de julho passado. No último 26 de
agosto, no UOL Entrevista, o
apresentador cogitou também candidatar-se ao governo estadual ou, talvez, ao Senado
por São Paulo. A única condição que não descartou foi a de ser candidato.
Promoção
O artigo 37 da Constituição Federal determina que a administração pública deve obedecer ao princípio da impessoalidade. Não pode haver promoção pessoal em atos de governo, como fez o secretário de Aprígio ao dar a uma operação de segurança pública o nome do apresentador de TV.
Todavia,
o secretário não infringiu a Resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nº 23.610,
de 18 de dezembro de 2019, que no seu artigo 3º pontifica: “não configura
propaganda eleitoral antecipada a exaltação das qualidades pessoais dos
pré-candidatos”.
A
linha tênue que o policial não tomou o cuidado de não ultrapassar é que, em
política, quem manda são os políticos. O título de eleitor dos secretários
municipais é propriedade particular do prefeito e seus sequazes. Rodrigo terá
de aprender rápido que Prefeitura e Câmara Municipal são bem diferentes de um
plantão noturno de distrito policial.
2 comentários:
Patético. Na realidade, todos os que estão secretários estão de olho em cadeiras como vereador, deputado, etc. Deveriam ter vergonha, pois, mal conseguem dar conta de suas pastas, são arrogantes, falsos, etc. A população está de olho. Lembrando que José Alberto da saúde, mesmo utilizando a máquina para se eleger recebeu 720 votos. Um fracasso.
É só no nosso!!!
Postar um comentário