Detalhes do cemitério: mar/2022 e ago/2022. Críticas continuam, com denúncias graves |
David da Silva
Um desabafo de munícipe postado em 30 de março deste ano, desencadeou uma avalanche de comentários sobre a conservação e limpeza do Cemitério da Saudade, único local público para sepultamentos em Taboão da Serra. Na última 4ª-feira (24), nova saraivada de críticas quando a gestão do órgão convidou “a todos a tomarem um café com o diretor [do cemitério] e caminhar pelo local para constatar os bons cuidados”.
O
blog analisou os 748 comentários feitos no Facebook até as 4h19 da madrugada de
hoje nos dois posts sobre o assunto publicados pela página O Grito – Taboão da
Serra.
Má-nutenção
Entre as denúncias mais graves, mau cheiro emanando de alguns túmulos sem vedação adequada. “Há um mês enterramos meu padrasto, e no local onde foi enterrado [em] algumas gavetas próximas havia líquido saindo do túmulo, um cheiro insuportável”, comentou Amanda Moreira em 14 de junho. Dois meses depois, Adriana Gomes passou pelo mesmo desconforto: “Minha mãe foi enterrada no dia 13. Na hora de colocar o caixão na urna, não conseguimos nem nos despedir dela, um cheiro horrível, muito mosquito, sujeira demais”, escreveu no comentário de 25 de agosto.
As
reações não são boas quando o diretor convida pessoas a tomar café no cemitério
e passear por entre os túmulos “para constatar bons cuidados”. “Não foi isso
que eu e minha família presenciou no sepultamento do meu sogro. Não conseguimos
chegar perto do túmulo dele por forte odor no local”, comentou em 24 de agosto
o perfil “Erica X Caio”. No dia 17 de junho a moradora Júlia Luna também havia
denunciado: “Está um nojo, completamente abandonado. Minha vózinha foi velada
lá há um mês, e foi quase impossível acompanhar até o gaveteiro, pois o mau cheiro estava insuportável”.
Remorso
Nas
botões de reações das publicações d’O Grito sobre o cemitério taboanense, houve
308 manifestações de tristeza, e 265, de raiva. As postagens foram
compartilhadas 1.463 vezes.
Dois
comentários chamam a atenção do blog, pelo transtorno psicológico que a
situação do cemitério provoca em alguns parentes. “Três meses atrás enterramos
minha vó nesse cemitério, e como não bastasse enterrar uma pessoa que amamos
muito, tivemos que passar pela dor do remorso por estar enterrando minha avó em
um lugar completamente abandonado”, lamenta Graciella Moreno em comentário
postado em 24 de agosto. “Espero mesmo que agora estejam sendo feitas
manutenções diárias e que ninguém mais passe pelo que eu e meus familiares
passamos”, completa.
Ana
Carolina Moreira manifesta o mesmo sentimento: “Um lado [do cemitério] se não
me engano o esquerdo, está arrumado. Mas, o lado direito lá em cima onde minha
mãe foi enterrada há três meses está feio. Entulho, buracos, as gavetas mal fechadas com muitas moscas e
bichinhos voando na gente. Todo mundo abanando as mãos para sair do rosto.
Fiquei muito triste em não poder colocar minha mãe em um lugar mais arrumadinho”.
Jogados fora
Além
dos túmulos mal vedados com chorume de cadáveres escorrendo por fendas das
gavetas situadas acima do solo, moradores também reclamam da destinação dos
ossos dos seus mortos. Valdívio do Nascimento Gomes, o Bil, diretor do
cemitério, afirma que “referente a exumação, [elas] são determinadas pela Lei
Orgânica do Município, e apresentadas no Diário Oficial”.
Porém,
a lei complementar nº 199, de 18.dez.2009, determina que os avisos de exumação
por meio da Imprensa Oficial ocorram quando a notificação pessoalmente ou por
carta registrada com Aviso de Recebimento não der resultado. Segundo o parágrafo
4º do artigo 12 dessa lei, depois de 30 dias da notificação não atendida “os restos mortais
serão depositados no ossário geral”, o tristemente famoso “poço dos ossos”.
A lacuna na comunicação entre cemitério e familiares foi detectada pelo blog. Francisco Wilson do Nascimento relata que “tenho uma gaveta lá [no Cemitério da Saudade] e tá no nome da minha irmã falecida, e trataram os ossos dela e jogaram no poço sem avisar ninguém”, comentou em 24 de agosto. Em 23 de junho passado, Ariana Rodrigues se queixou que “jogaram os ossos do meu tio fora, nem comunicaram a família”. No mesmo dia Neuza Matos relatou: “Sumiram com a lápide, quando a gente foi atrás, nem sabia onde meu pai e minha mãe estavam enterrados, jogaram o osso no poço”.
Mato em cima de túmulos. Foto: Lúcia Florentino - 16.abril.2022 |
Triste paisagem
A
conservação do Cemitério da Saudade desperta nos moradores dons jornalísticos.
Em abril a munícipe Lúcia Florentino postou em seu facebook uma série
de fotos do local, com túmulos cobertos pelo mato.
Em 18.agosto.2022 foi a vez da moradora Eliana Souza registrar em vídeo as gavetas com vazamentos de necrochorume, líquido resultante do processo de decomposição de cadáveres.
Um comentário:
É,mas a entrada da cidade é "maquiada" para dar impressão que é bem gerida.Nada de novo nisso.Titulo de eleitor é suicidio
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