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| Cheiro desconhecido importunou moradores |
O
cheiro tóxico que tirou o sono de habitantes da região do Pirajuçara, em Taboão
da Serra, na madrugada de 21 de março, segue indecifrado. Mas a reportagem
apurou que uma empresa incineradora de lixo industrial instalada na região já
foi acionada pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) por
causar transtornos à vizinhança. Um químico ouvido pelo blog é enfático: “Eles
queimam resíduos durante a madrugada”.
Passava da meia-noite de 2ª para 3ª-feira quando a moradora Silvana Donizete lançou no facebook a pergunta: “Estou sentindo um cheiro muito forte no meu bairro, todo mundo tossindo. Que houve?”. O assunto se espalhou igual fumaça, e em poucos minutos a postagem recebeu cerca de 50 reações e dezenas de comentários. Os internautas incomodados pelo forte mau cheiro iam identificando os seus bairros: Jardim Panorama (de onde à 0h25 de 21/03/2023 brotou a denúncia), Santa Cruz, Santo Onofre, Scândia, São Judas e até do Parque Jacarandá.
As trocas de mensagens se estendiam até as 4h56, quando o blog abordou os moradores incomodados pelo cheiro estranho.
Lixo perigoso
No
complexo químico industrial localizado no número 518 da Avenida Ibirama, no
Parque Industrial Daci, funciona a Essencis Soluções Ambientais S/A, de
incineração de lixo industrial e resíduos perigosos. Seu incinerador tem
capacidade para destruir por volta de sete milhões de quilos por ano de detritos
de elevado efeito nocivo.
Além dos rejeitos industriais, a empresa também incinera entorpecentes encaminhados pela Polícia Judiciária do Estado de São Paulo, como os 4.270,194 kg de cocaína, crack, maconha e drogas sintéticas queimadas em 12 de agosto de 2021.
Madrugada
O blog ouviu um químico residente próximo ao parque industrial. “Vira e mexe eu passo aqui e vejo fumacinha cor-de-rosa, fumacinha azul [saindo do incinerador]. É para sair só fumaça branca, só vapor d’água”, diz o profissional, que em seguida faz uma afirmação incisiva: “Eles fazem isso [incineração] de madrugada mesmo”.
O blog enviou e-mail à Essencis em 24 de março, e até hoje aguarda resposta.
Desvalorização de imóveis
O
forno da Essencis faz fundos com o Condomínio Residencial Parque Firenze. Quando
estiver totalmente concluído, o conjunto habitacional terá 53 prédios com até
36 andares. Quem já mora lá se queixa das atividades da empresa vizinha. “De
vez em quando a fumaça que sai dos incineradores invade os apartamentos”, informa morador.
Temerosos
da perda de valor imobiliário, os proprietários recorreram à autoridade
ambiental. “A Cetesb já foi acionada, já recomendou, faz fiscalização, suspendeu
atividades”, relata dono de um dos apartamentos.
Para evitar maiores danos ao patrimônio recém-adquirido, foi feito um pacto: “Nós, cooperados [da Cooperativa Vida Nova, construtora do Residencial Firenze], tendo em vista questões de depreciação do imóvel, decidimos aguardar as providências dentro do prazo estipulado. Acordamos também de não fazer divulgação do fato”.
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Incinerador da Essencis em Taboão da Serra; ao fundo, um dos prédios do Residencial Firenze Foto: Polícia Civil - 21/08/2021 |
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| Moradores também relatam problemas com a Essencis em Caieiras (município ao norte da Grande SP), onde a empresa tem outra unidade de tratamento de resíduos tóxicos |
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