terça-feira, 10 de outubro de 2023

Dono da obra que derrubou casa teve autorização da prefeitura

Sequencia do desabamento
David da Silva

Três dias antes de uma casa de três andares desabar no Jd Maria Luiza, a Prefeitura de Taboão da Serra publicou um comunicado ao dono da obra no terreno vizinho que causou a tragédia. A comunicação ao proprietário está na Imprensa Oficial do Município de 6ª-feira (6); o sobrado caiu nesta 2ª-feira (9).

A administração municipal tentou algum protagonismo na ausência de mortos ou feridos. "As pessoas foram retiradas preventivamente”, alegou Carlos Humberto Hueb da Silva, subsecretário da Secretaria Municipal de Governo e coordenador da Defesa Civil.

Porém, os moradores saíram da casa por sua própria conta e risco, sem nenhum amparo da prefeitura. “Era 1h20 da madrugada [do domingo para 2ª]. Peguei meus filhos e acordei minha mãe, que mora aqui em frente. Não deu para salvar nada. Caiu primeiro o muro do vizinho, depois do outro vizinho, e minha casa começou a pender para o lado esquerdo”, relata a cabeleireira Suzy Mary Norbiato de Souza, dona do sobrado destruído no número 336 da Rua David da Silva Meireles.

O marido dela, Helder de Souza Araújo, conta que há dois anos e meio enfrenta problemas com a obra que devorou a sua moradia. “O vizinho dos fundos decidiu fazer uma demolição. Nisso que ele fez a demolição, também fez a remoção de terra”, explica.

O subsecretário de Governo coloca a culpa na chuva. “O pessoal estava fazendo a construção atrás da casa [que ruiu] e, com essa chuva, acabou desabando a casa toda”, diz Hueb.

Mas, o que colocou o imóvel a baixo foi a remoção irregular da terra, que solapou sem piedade a estrutura do lar de Suzy e Helder.

“Comunique-se”

Em 2022, o dono do imóvel da Estrada Kizaemon Takeuti, nº 1.445, que fica atrás da casa que caiu, solicitou alvará de edificação – processo 42.261/2022. 

No terreno de 250 m² havia dois sobrados (194 m² de área construída em 1976) que dariam lugar a um novo empreendimento.

O proprietário Ed Carlos Castro Sousa, dono de um escritório de contabilidade em Taboão da Serra, solicitou alvará de demolição - processo 27.239/2023.

A prefeitura emitiu “comunique-se” no último dia 19 de julho.

O alvará de obra de terra (processo 3.374/2023) recebeu um “comunique-se” da prefeitura no dia 2 deste mês, publicado na imprensa oficial na 6ª-feira (6).

Mesmo sem o alvará deferido, a remoção de terra foi efetuada.

Em nota oficial, a gestão Aprígio diz que: “A obra estava paralisada e tinha sido autuada como irregular pela Fiscalização de Obras da Prefeitura, após receber denúncias”.

O homem que perdeu o teto onde vivia com a esposa e dois filhos, de 3 e 15 anos, informa que não recebeu qualquer resposta da prefeitura sobre a denúncia que fez quatro meses atrás.

Retirada irregular de terra causou a tragédia

Frente do sobrado que desabou

IMPRENSA OFICIAL - pág. 8 - edição nº 1.150 de 06/10/2023

Vídeo registra o momento da queda

Um comentário:

Anônimo disse...

A culpa é toda da prefeitura de Taboão da Serra que nunca fiscaliza nada e coloca os apadrinhados desqualificados nos cargos técnicos do município, somente para ganhar muito dinheiro