Manja aquela mania de, em pé frente ao balcão, procurarmos um ponto elevado onde apoiar o pé, igual ao cowboy aí à direita no saloon, em foto de 1892?
O hábito é tão arraigado, que os comerciantes sempre constroem um degrau rente ao balcão. Ou colocam uma barra próximo ao rodapé dele, para nossos pés descansarem alguns centímetros acima do chão.
Tanto o degrau como a peça longa de metal ou madeira ao pé do balcão, foram chamados originalmente de barra.
Vem exatamente daí o nome deste estabelecimento, o substantivo masculino de apenas três letras que exerce imensa influência na sociedade humana.
Barra, em inglês, é bar.
Nossos ancestrais botequeiros desde logo se habituaram a dizer: “Vamos tomar uma bebida (let´s have a drink) naquela barra (that bar)?”
Segundo alguns estudiosos, a barra também poderia ser a trave onde as pessoas amarravam seus cavalos à porta do boteco.
Vejamos agora a foto de onde tiramos o nosso exemplo:
Esta fotografia é do início de abril de 1892, na cidade de Biloxi, estado do Mississipi, Estados Unidos. Foi publicada no The Biloxi Herald (O Mensageiro de Biloxi), em 09.abr.1892, na página 4. A matéria registrava a inauguração do saloon de propriedade do filho mais velho do pioneiro Joseph Bellande. O comerciante promoveu uma “boca-livre” com elegante almoço frio e cerveja à vontade.
Esta cidade de Biloxi esteve nas manchetes em agosto de 2005, pois foi uma das atingidas pelo furacão Katrina.
* Como viram, esta postagem vai para o amigo Zé Batidão (foto à esquerda), dono do bar onde acontecem os Saraus da Cooperifa, no bairro Piraporinha.
Zé Batidão é natural de Piranga, na Zona da Mata em Minas Gerais, próximo de Ponte Nova onde nasceu o amigo Geraldo Magela e o gênio da MPB João Bosco.
Com 17 anos de idade Zé Batidão meteu o pé na estrada, e se mandou para São Paulo. Sua primeira formação profissional foi de padeiro, na padaria que ajudou a levantar quando era servente de pedreiro. Depois foi garçom em restaurantes da média e alta burguesia.
Em 1969 fincou raizes na Piraporinha, onde tocou por cinco anos sua oficina de costura.
Para nossa sorte, a sina do homem era montar um boteco, o que ele fez há cerca de 20 anos. Seu primeiro bar já estava fadado ao mundo da literatura. Foi lá onde Sérgio Vaz lançou seu primeiro livro de poesias. Este primeiro bar do Zé Batidão ficava na parte alta do bairro, quase esquina da rua Francisco Xavier de Sales, aonde só se chegava depois de vencida a subida da rua Amitaba. Por isto, o livro de estréia de Sérgio Vaz chamou-se Subindo a Ladeira Mora a Noite, comemorado com salada de maionese, frango frito e cerveja até raiar o dia.
O atual bar do Zé Batidão está montado há 15 anos. O que mais me emocionou quando fui ao lugar, foi o amor deste mineiro de 59 anos pelas suas árvores. Quando adquiriu o lote, preservou as árvores nativas do terreno. Ao fazer a cobertura da frente do bar, Zé Batidão determinou ao serralheiro que as telhas contornassem o caule das árvores, deixando suas copas ao sabor dos ventos.
De tanto respirar poemas enquanto serve a distinta freguesia, Zé Batidão compôs uma poesia à sua árvore predileta, batizada Acácia.
Bar do Zé Batidão - Rua Bartolomeu dos Santos, 797 - Chácara Santana - Zona Sul.
Tel.:(11) 5891-7403
Um comentário:
Interessante. Parece bem palusível ter sido assim mesmo. Gostei que teve até dedicatória para a postagem rsrs
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