Os bastidores do Festival Shell de Música Popular Brasileira, realizado pela TV Globo em 1984. Leia também a primeira parte desta verdade.
Todos os participantes do festival ficaram alojados no mesmo hotel (acho que foi o Othon) e a convivência entre alguns grupos era amistosa. Não se percebia confronto entre alguns grupos. Diria que quase todos conviviam bem. Eu vivi este clima diariamente com o pessoal, estava no hotel.
Nos dias livres que não havia ensaio, íamos para a praia de Copacabana. E aí começei a perceber que o grupo da Tetê Espíndola, que tinha o Carlos Rennó e o Arnaldo Black [respectivamente letrista e autor da melodia de Escrito nas Estrelas], não se misturava às outras tribos, fosse nos ensaios, ou na praia. Nem mesmo à noite, quando o pessoal se reunia, e praticamente íamos todos ao mesmo lugar, exceto eles.
Isto começou a gerar um clima hostil, de guerra. Até que um dia surgiu um boato de que o Arnaldo Black teria dito que Mira Ira [de autoria de Lula Barbosa, na foto à esquerda] era plágio.
Aquilo causou um mal estar geral entre todos. Queríamos saber: com que música Mira Ira se parecia ou se copiava!?!?
Até que numa manhã, após o café, descendo para o saguão, dentro do elevador encontrava-se parte da nossa turma (o Lula Barbosa não estava). E entre nós o Emílio de Angeles Nieto (foto à direita), que fazia vocais e sopros no Grupo Tarancón, e o tal do Arnaldo Black. O Emílio, com seu sotaque portenho e seus modos engraçadíssimos, não se conteve. Virando-se para o Arnaldo inquiriu-o:
- Fiquei sabendo de suas insinuaciones sobre Mira Ira...
- Que insinuações? - mandou um Arnaldo já ressabiado.
- Usted insinuou que Mira Ira es plágio...
- É... ela parece... parece... uma música... indígena que... - e antes que completasse a frase, o Emílio soltou a seguinte pérola para o elevador explodir em gargalhadas:
- Plágio é o teu nombre. Conheço unos trinta Arnaldos...
O Festival ganhou outra dimensão, pelo menos nos bastidores.
Ary Marcos Pero Gonçalves da Motta é soldado do Samba, criador e produtor do Projeto Refúgio do Sambista.
Nos dias livres que não havia ensaio, íamos para a praia de Copacabana. E aí começei a perceber que o grupo da Tetê Espíndola, que tinha o Carlos Rennó e o Arnaldo Black [respectivamente letrista e autor da melodia de Escrito nas Estrelas], não se misturava às outras tribos, fosse nos ensaios, ou na praia. Nem mesmo à noite, quando o pessoal se reunia, e praticamente íamos todos ao mesmo lugar, exceto eles.
Isto começou a gerar um clima hostil, de guerra. Até que um dia surgiu um boato de que o Arnaldo Black teria dito que Mira Ira [de autoria de Lula Barbosa, na foto à esquerda] era plágio.
Aquilo causou um mal estar geral entre todos. Queríamos saber: com que música Mira Ira se parecia ou se copiava!?!?
Até que numa manhã, após o café, descendo para o saguão, dentro do elevador encontrava-se parte da nossa turma (o Lula Barbosa não estava). E entre nós o Emílio de Angeles Nieto (foto à direita), que fazia vocais e sopros no Grupo Tarancón, e o tal do Arnaldo Black. O Emílio, com seu sotaque portenho e seus modos engraçadíssimos, não se conteve. Virando-se para o Arnaldo inquiriu-o:
- Fiquei sabendo de suas insinuaciones sobre Mira Ira...
- Que insinuações? - mandou um Arnaldo já ressabiado.
- Usted insinuou que Mira Ira es plágio...
- É... ela parece... parece... uma música... indígena que... - e antes que completasse a frase, o Emílio soltou a seguinte pérola para o elevador explodir em gargalhadas:
- Plágio é o teu nombre. Conheço unos trinta Arnaldos...
O Festival ganhou outra dimensão, pelo menos nos bastidores.
Ary Marcos Pero Gonçalves da Motta é soldado do Samba, criador e produtor do Projeto Refúgio do Sambista.
Contato: arymarcosmotta@yahoo.com.br
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