terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Dia do Samba: salve, Silvio Modesto!

Estou ligando desde a manhã de hoje para meu amigo compositor Silvio Modesto, a fim de cumprimentá-lo pela passagem do Dia Nacional do Samba. Até agora o abraço telefônico não se completou. Mas segue aqui minha homenagem a todos os sambistas do Brasil, na pessoa deste grande guerreiro do Samba.
Tomamos a nossa primeira cachaça em 2003, apresentados pelo nosso amigo Aloísio Nogueira Alves. Para brindar a nova amizade, Silvio preparou uma bela corvina com molho de camarão. Voltei ainda outra ocasião à sua casa, quando ele me serviu um sublime cassoulet. Tudo regado a muito “chá de macaco” - e dá-lhe Samba! O que vou relatar aqui é precário, rascunhos de memória que preciso confirmar com Silvio Modesto em entrevista a ser publicada em breve aqui no boteco.
Silvio Modesto mora no Pq Esplanada, na região do São Judas, limite dos municípios de Taboão da Serra e Embu das Artes. É respeitado entre os bambas. Toca violão, viola, banjo, e percussão. Cansou de ganhar concursos de samba-enredo. Seus sambas já foram gravados por: Originais do Samba, Denílson, Djalma Pires, Bezerra da Silva, Arlindo Cruz e Sombrinha, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Jovelina Pérola Negra, Benito di Paula, Luiz Américo, entre outros.
Silvio Modesto faz parte da História do Samba em São Paulo. Apesar de ser carioca da gema. Na década de 1960, veio do Rio para cá, vender bilhetes da Loteria Federal. “Naquela de jogar a sorte grande no pé do otário e dizer que foi o destino”, como escreveu Plínio Marcos. Numa tarde qualquer, lá está Silvio na Praça da Sé com seus bilhetes na mão, quando dá de cara com seu amigo Jangada. O colega de muitos Carnavais o apresenta a Plínio Marcos. Tempos depois, Silvio Modesto passava a integrar o espetáculo Os Pagodeiros da Paulicéia (quando o termo pagodeiro não signficava a merda que é hoje). O show, que virou disco histórico, foi escrito e produzido por Plínio Marcos e Geraldo Filme.
Um outro ponto alto da carreira de Plínio Marcos também teve a participação de Silvio Modesto: ele interpretou Wilson Baptista na peça
O Poeta da Vila e seus Amores.
Para não restar dúvida da importância de Silvio Modesto, Plínio Marcos deixou registrado no jornal Folha de São Paulo:

Silvio Modesto é considerado o mais completo sambista carioca em São Paulo. Mestre-sala nota dez, compositor inspirado, excelente ritmista e um dos maiores partideiros do Brasil.” (Suplemento Folhetim – domingo, 5 de dezembro de 1976)

Apesar de todo este currículo, o compositor faz jus ao seu sobrenome: leva uma vida modesta. O único patrimônio de monta que amealhou em quase 60 anos de Samba, é a casa onde mora, comprada com os direitos autorais de A Rasteira do Presidente, composta em parceria com Bicalho e gravada por Bezerra da Silva em 1986.
Em breve, como já disse acima, este “poeta das calçadas”, como gosta de se auto-definir, encostará o umbigo no nosso balcão, para mostrar toda a grandeza do sambista Modesto.

Elos da Raça
(Silvio Modesto / Caprí)

Querem de toda maneira
Terminar com nossa cultura
Que é tão pura
E até subestimar
Estou falando do samba
Do batuque do terreiro
Daquela tinta vermelha
Que corre pelo corpo inteiro
Ainda
Vamos incomodar muita gente
Que quer colocar água fria no lugar que está muito quente
Dessa gente eu sinto pena
Que sem motivo condena
O samba
Minha alegria sem par, sem par
Agora e formar uma corrente
Com elos muitos resistentes
Daqueles que levam bom tempo para arrebentar
È abrir espaço
Deixar caminhar com seus passos Essa nova geração
E dar condição a esta raça
E terminar com esta farsa
Deixar este povo sofrido mostrar seu valor
Pra que tanto preconceito
Esta no sangue
Não tem mesmo jeito
O samba merece respeito
Seja aonde for

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