sábado, 25 de abril de 2009

Stocker e sua primeira Caracu com ovo

Osvaldenir Stocker, o Gaúcho – hoje na secretaria de comunicação da Prefeitura de Várzea Paulista (SP), meu ex-colega de trampo na Câmara Municipal de Taboão da Serra e em dois jornais da cidade – me rememorou em recente e-mail a primeira vez que encarou uma Caracu com ovos.
Recém chegado da sua Porto Alegre (RS), em meados da década de 1980 Stocker foi morar e trabalhar na Rua Maria Paula, próximo à Câmara de Vereadores, no coração da capital de São Paulo.
Seus cafés da manhã eram tomados na Padaria Veneza. Chamava a atenção do jovem sulista a pedida de alguns homens que, ao invés do tradicional café-com-leite-pão-e-manteiga, mandavam o rapaz da copa despejar uma garrafinha de cerveja preta no liquidificador, adicionar ovo – às vezes até paçoquinha - e bater. Gaúcho se admirava com a talagada que os brutos tomavam, ficando o bigode espêsso da bebida na carona satisfeita. Gaúcho se antenava ainda mais quando os tomadores da exótica vitamina garantiam o poder afrodisíaco da mistureba.
O guri lotadaço de testosterona resolveu botar mais aditivo no corpo, pensando no sucesso que faria com “as meninas da Rua Aurora”...
- Tú me vê aí uma Caracu com ovo, por favor? – disse com voz de macho dos pampas pro cara atrás do balcão.
- Um ovo ou dois?
- Dois. Com casca – arrematou como se fosse o próprio garanhão bovino que os portugueses trouxeram pra cá no tempo do Brasil Colônia. A Caracu é a primeira cerveja preta da América Latina. O major Pinho, filho de espanhóis, ao abrir sua fábrica em Rio Claro (SP) em 1889, escolheu o boi luso para batizar sua bebida, dado à fama de potente reprodutor daquele touro.
O empregado da padaria olhou surpreso pro gauchinho:
- Dois ovos? Com cascas? – e sorriu diante da determinação do rapazote.
Meus amigos... Ao engolir o segundo copázio da Caracu com ovos, o pobre do Gaúcho sentiu suas entranhas se remexerem. Imaginem a força do repuxo quando o Rio Guaíba está com água até a tampa. As tripas deram violentas estilingadas no esfíncter do meu amigo Stocker, e nunca uma distância entre balcão e banheiro foi percorrida em tão curto espaço de tempo.
A evacuação foi tão abundante e repetida por três ou quatro vezes, que metade da clientela naquela manhã foi trabalhar sem usufruir do sanitário da padóca...
Ao sair pra rua em direção ao serviço, Stocker agradeceu aos deuses por na região do Viaduto Jacareí não soprar o
minuano, senão o guri levantaria vôo tão levinho ficou...

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