quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Serra no boteco, não dá!

Os botequeiros temos um flagelo: o serrote, o fila. Mal nos vê logo serra um cigarrinho... uma breja... uma birita... O folgado só quer beber e fumar no grátis, no peito, na boa, na faixa, no vasco.
O serrote tá tão entranhado na cultura botequeira nacional que até foi cantado em verso e prosa.
Martinho da Vila faturou uns bons trocados em 1984 quando cantou as nossas mazelas (“Eu compro a cerveja, você pede um copo/ Acendo o cigarro, você pede um”) na composição maneira que Paulo Corrêa, o Paulinho da Aba, fez com Nei Silva e Zé Trambique.
Mas os caipiras paulistas já tinham saído na frente dos sambistas cariocas, na investida musical contra este tormento dos bares. Em 1983 Cacique e Pajé gravaram Mão Fechada, de Moacir dos Santos e Chico Vieira (“... fica lá no boteco serrando a rapaziada/ É o serrote do bairro, não gosta de pagar nada...”)
Em 2004 o jornalista André Luis Mansur lançou o Manual do Serrote (Editora Bruxedo). Estava, então, entronizada na literatura brasileira a serrotagem, ou serrotismo. Com direito a figurar nos dicionários como temível verbo transitivo direto – serrar = obter de graça por meios hábeis.
No longínquo ano de 1825 o velho e bom Honoré de Balzac, na época com 26 anos, já havia lançado o alerta contra a serrotagem no livro Código dos Homens Honestos.

Mas o que eu ia dizer mesmo é por que o Zé Serra não tem vez aqui neste Bar & Lanches Taboão. Agora já tá tarde, e você me faça o favor de voltar uma outra hora.

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse serra é um sacana.
Fala pro Peu parar com isso, pô.
kkkkkkkkkkkkkk

Netinho

David da Silva disse...

Do meu inigualável amigo Aloisio Nogueira Alves recebi por e-mail o seguinte comentário:

Serração do Velho.
A serração do velho é uma tradição europeia conhecida em Pernambuco desde o começo do sec. XVIII. O folguedo reune um grupo de brincalhões, diante da casa de outro velho ou de uma velha, na noite de quarta feira da Quaresma. Um deles serrando uma tábua e acompanhando nesse rouco e lúgubre ruído, gritos, lamentos e prantos dos demais. Os velhos de modo geral irritam-se com a brincadeira, dando ouvidos a Crença de que o "Velho Serrado" não chega a outra Quaresma.

Meu pai contou-me certa vez, que um velho tinha o apelido de Couro grosso e a turma de brincalhoes se reuniram e na frente da casa do mesmo, rimaram:

Serra, serrote, serra ferro e serra osso
Serra a velha Maria e velho João do couro grosso. E ai ja viram o que aconteceu. O mesmo sentindo por intuição que não passaria em branco a data, havia guardado em um pinico a urina da velha por alguns dias e a resposta nõa precisa falar. Tome urina. Mas tome serrote nos butecos, né não?