quarta-feira, 23 de abril de 2014

Hoje é Dia de Pixinguinha

Lá no Rio, hoje é feriado.
Mas, não em louvor à data de nascimento de um de seus filhos mais ilustres. O compositor Pixinguinha nasceu lá naquela cidade num exato 23 de abril, 117 anos atrás.
Porém (como dizia Plínio Marcos: “sempre tem um porém”) o carioca tira folga nesta 4ª-feira por causa do “Dia de São Jorge”.
Ora, faça-me o favor.
Já que a lenda cristã diz São Jorge ser um “santo guerreiro”, vou logo arrumando uma guerrinha aqui com ele.
São Jorge nem é padroeiro oficial do Rio. É São Sebastião (donde o nome de batismo completinho na certidão de nascimento da capital fluminense ser “A Mui Leal e Heróica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro”).
E onde é que entra São Jorge nisto tudo, pelamô???
São Jorge tá nessa parada só por causa de um ex-deputado, curiosamente também chamado Jorge. Qualquer semelhança entre o nome do político e o nome do santo, não é mera coincidência. 
Vai vendo.
Ele propôs feriado municipal em 2001 quando vereador, e estadual em 2006, quando deputado. O fulano era inspetor da Polícia Civil, candidatou-se com a alcunha "Jorge Guerreiro"; usava a imagem de São Jorge nas suas propagandas. Os tais “santinhos”. Mas de santo o cabra tinha era nada. 
Em 2004, foi em cana, flagrado numa rinha de galos. Em 2010, cadeia de novo. E foi expulso da Polícia. Condenado que está até hoje a 7 anos de xadrez por comandar milícias de matadores justiceiros.
Bonzinho o moço, né?
Pelo que leio na sua hagiografia, nem São Jorge pegaria carona no carrão quatro portas do seu xará carioca.
Daí que o certo seria a Cidade Maravilhosa baixar hoje as portas de aço do comércio na virtude da data querida do nascimento de Pixinguinha. Muito mais honroso.

Elizeth Cardoso canta “Ingênuo”, de Pixinguinha (c/ letra de Paulo César Pinheiro)
Gravação de 1983, com acompanhamento da Camerata Carioca - Joel Nascimento (bandolim); Dazinho (Edgard Gonçalves) (flauta); Luiz Otávio Braga (violão 7 cordas); Henrique Cazes (cavaquinho); Maurício Carrilho e Joaquim Santos (violões 6 cordas); Beto Cazes (percussão)

E, em se tratando de blog do David da Silva, não haveria de faltar:
Baden Powell toca “Ingênuo”, de Pixinguinha (c/ letra de Baden Powell)

Vai aqui a magnífica letra que Paulo César Pinheiro edificou sobre a construção sólida deste chorinho, por sinal o predileto do próprio Pixinguinha:
Eu fui ingênuo quando acreditei no amor
Mas, pelo menos jamais me entreguei à dor
Chorei o meu choro primeiro
Eu chorei por inteiro
pra não mais chorar
E o meu coração permaneceu sereno
Expulsando o veneno pelo meu olhar...
... eu procurei me manter como Deus mandou
Sem me vingar que a vingança não tem valor
E depois também perdoar a quem erra
É ser perdoado na Terra
Sem ter que pedir perdão no céu.

Eu não quis resolver
Eu não quis recusar
Mas do amor em ruína,
uma força termina
Por nos dominar
... e depois proteger dos abismos que a vida traçar
Quando o tempo virar o único mal
E a solidão começa a ser fatal...

Eu não quis refletir, não
Eu não quis recuar, não
Eu não quis reprimir, não
Eu não quis recear...
Porque contra o bem nada fiz
E eu só quero algum dia
Ser feliz como eu sou infeliz...

Um comentário:

David da Silva disse...

Baden tinha fascinação pelo Pixinguinha. Em todos os seus shows, falava muito e muito, bastante mesmo do Pixinguinha. E de tanto venerá-lo, Badeco teve todo o direito de se fazer parceiro de Pixinguinha. Afinal, de tanto fazer os versos de Vinícius e Paulo César Pinheiro surfarem sobre as cordas de seu violão, certamente Baden tinha lá sua habilidades também com a palavra cantada.