Espetáculo teve plateia sempre lotada na pré-temporada. É necessário fazer reservas. Foto: Rogério Gonzaga |
Quase
dá agonia na gente ao ver, nos 95 minutos da peça, o casal de velhinhos subir e
descer tantas vezes a escada implacável.
Walter Lins (Francisco) e Zulhie Vieira (Noêmia) Foto: Orlando Júnior |
Eu
disse quase.
Mal
entramos na sala de espetáculos, o olhar se extasia.
O cenário literalmente sobe pelas paredes.
O cenário literalmente sobe pelas paredes.
A
Companhia de Teatro Encena estreia neste sábado, 13 de fevereiro, o espetáculo “A
Escada”, do dramaturgo paulista Jorge Andrade.
A peça já teve uma pré-temporada em novembro último. Sempre com plateia lotada.
Você não conseguirá assistir se não fizer reserva.
As sessões acontecerão todos os sábados de fevereiro, e aos sábados e domingos de março e abril.
A peça já teve uma pré-temporada em novembro último. Sempre com plateia lotada.
Você não conseguirá assistir se não fizer reserva.
As sessões acontecerão todos os sábados de fevereiro, e aos sábados e domingos de março e abril.
Diógenes Peixoto (Vicente) e Maira Galvão (Maria Clara) |
Além
das apresentações na própria sede, a trupe fará turnê por seis cidades do
Estado de São Paulo - Barretos, Sertãozinho, Assis, Itapevi, São Roque e
Pindamonhangaba.
Isolados de si
O
público não percebe a princípio porque o casal de idosos ficou sem teto.
Antenor (Orias Elias) e Amélia (Sylvia Malena) vivem de favor nas casas dos
quatro filhos. Um mês no apartamento de cada um. Moram todos no mesmo prédio. Entre
eles, a escada. Que os desune.
O
velho Antenor desperta nos espectadores afeto e antipatia. Dá palpite em tudo.
Ofende a todos. É elitista, intriguento. Uma espécie de inferno ambulante.
Jacintho Camarotto (Sérgio) e Vera Barretto (Helena) Foto: Orlando Júnior |
Os
filhos tentam manter o velho trancado em casa. Mas como disse o poeta Manoel
de Barros, “liberdade caça jeito”. Antenor escapa sempre. Faz fiado nas
banquinhas de frutas do bairro. Chega a expulsar pessoas das calçadas das ruas
que ele diz que foram (e voltarão a ser) suas.
O
velho birrento carrega pra todo canto um documento. Diz ser a prova da herança
de sua mulher Amélia, neta de antigos fazendeiros do bairro paulistano do Brás,
onde a história se desenrola.
Curiosamente o próprio autor Jorge Andrade foi casado com Helena de Almeida Prado, neta de antigos donos de vastas porções de terras no Brás.
Orias Elias (Antenor) e Sylvia Malena (Amélia) Foto: Rogério Gonzaga |
Assim como Antenor na
ficção, na vida real o avô de Helena lutou por 30 anos na justiça para tentar reaver
as propriedades de seus ancestrais.
Os
modos e manias terríveis de Antenor despertam tal exasperação, que uma
personagem desfere a palavra cruel: “Odeio velhos. Não são vivos nem mortos”.
Mas
é impossível não se enternecer quando, no patamar onde a escada se divide em
duas, Antenor diz à sua velha Amélia: “É muito difícil morrer. Podia ser tão
mais rápido. Tenho a impressão de ter passado a vida morrendo”.
Preconceitos para todos os desgostos
Pense
numa espécie de preconceito.
Qualquer um.
Discriminação contra idosos,
discriminação racial, social, sexual. O ofício secreto do veneno corroendo o
amor entre marido e mulher.
Está tudo lá, no texto.
A
língua impiedosa de Antenor cavou a infelicidade de sua neta Lourdes (Paloma de
Oliveira). A moça não pôde casar só porque seu pretendente era italiano.
Babi Soares (Zilda) e Paloma Oliveira (Lourdes) Foto: Rogério Gonzaga |
A
outra neta, a fogosa Zilda (Babi Soares) também não escapa à violência verbal
do velho. O namorado dela é negro (“O avô dele foi escravo de quem?”, açoita
Antenor).
Nem
o pobrezinho do porteiro do prédio se salva das preocupações presunçosas do
idoso irreverente – “Você é filho de qual família? Você não tem sobrenome? Quem
foram seus avós?”.
Uma
praga, esse Antenor.
Mas
de novo o contraponto se impõe. Os velhos são tratados como trastes. Sem
direito a dormir na mesma cama por mais de 30 dias. Nenhum dos filhos pergunta com
sinceridade, frente a frente, o que seus pais julgam ser melhor para eles
mesmos. Tudo é tramado à meia boca, diálogos enviesados.
O
único lugar onde Antenor e Amélia conseguem conversar a sós é na escada. Resta
somente ali um pouco da privacidade perdida.
Mas,
os velhos pelo menos têm o passado a que se apegar. Os filhos, nem isso. São
desgarrados das raízes familiares. Órfãos de um tempo presente pleno de
incertezas.
Nada
muito diferente do momento vivido pela sociedade brasileira nos dias de hoje.
Cativando plateias
Fundada
em 1997, a Cia de Teatro Encena vê a cada dia se avolumar o número de pedidos
de reservas para seus espetáculos.
Na
divulgação de “A Escada”, a trupe gerou um marketing de guerrilha. Nos teasers comandados por Walter Lins, ator
e co-diretor da peça, a curiosidade do público é aguçada com detalhes de cada
personagem.
ELENCO
em ordem alfabética
Babi Soares fala da sua personagem Zilda:
Cláudio Bovo fala do seu personagem Juca:
Diógenes Peixoto fala do seu
personagem Vicente:
Jacintho Camarotto fala do seu
personagem Sérgio:
Maira Galvão fala da sua
personagem Maria Clara:
Orias Elias fala do seu
personagem Antenor:
Paloma de Oliveira fala da sua
personagem Lourdes:
Sabinna Di Colluccy fala da sua
personagem Lavínia:
Sylvia Malena fala da sua
personagem Amélia:
Vera Barretto fala da sua
personagem Helena Fausta:
Zulhie Vieira fala da sua
personagem Noêmia:
(Parece que aqui se confirmou o
velho ditado: “Casa de ferreiro, espeto de pau”. Não encontramos o teaser com o ator Walter Lins falando do
seu personagem Francisco. A providenciar)
Serviço:
Espaço
Cultural Encena
Quando:
13, 20 e 27 de fevereiro (sábado) às
20h30. Em março e abril, de 5/03 a
17/04, aos sábados às 20h30, e domingos às 19h.
Rua
Sargento Estanislau Custódio, 130, Jd. Jussara-Butantã / SP
Quanto:
Grátis, com contribuição espontânea
Capacidade:
70 lugares
Duração:
95 minutos
Classificação: 10 anos
Reservas: encena@encena.art.br
Informações:
98336-0546 (Tim) e 2867-4746
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Ficha
Técnica
Texto:
Jorge Andrade
Direção:
Orias Elias
Co-direção:
Walter Lins
Iluminação:
Vagner Pereira
Musica
original: Gustavo Barcamor
Cenário:
Orias Elias e Jones Cortez
Figurinos
e maquiagem: Walter Lins
Produção:
Cia de Teatro Encena
Apoio
Institucional: PROAC - Programa de Ação Cultural da Secretaria da Cultura do
Estado de São Paulo - Edital 2015 -
Montagem
Elenco fará turnê pelo interior paulista, percorrendo seis cidades. Foto: Divulgação |
Um comentário:
Matéria Supimpa!!!!
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