segunda-feira, 31 de julho de 2023

Ministério Público abre ação contra cargos na Câmara de Taboão

David da Silva

Foi protocolada na manhã da última 6ª-feira (29) uma ação judicial contra a criação ilegal de cargos na Câmara de Taboão da Serra. Estão sendo questionadas dez leis municipais que tratam da estrutura administrativa e do quadro de funcionários do legislativo local. O processo aberto pelo Ministério Público do Estado de São Paulo começou a ser distribuído hoje.

Para a Procuradoria-Geral de Justiça, não se justifica que cargos como diretor de compras, diretor de recursos humanos, diretor de cerimonial e diretor de imprensa, todos com salário de R$ 11.437,50, sejam preenchidos por pessoas vinculadas a vereadores. “É inconstitucional a criação de cargos de provimento em comissão e de funções de confiança que não retratam atribuições de assessoramento, chefia e direção, senão funções técnicas, burocráticas, operacionais e profissionais”, ressalta a procuradoria paulista, para quem tais funções devem ser exercidas por servidor público concursado.

O procurador Mário Luiz Sarrubbo critica que os cargos criados pelos vereadores são “genericamente descritos sob pressupostos indeterminados, imprecisos e vagos”. Ele é o mesmo procurador que obteve, na semana passada, uma liminar do Tribunal de Justiça suspendendo as nomeações assinadas por Aprígio a partir de janeiro deste ano. A sentença foi divulgada na última 4ª-feira (26).

Década perdida

A Ação Direta de Inconstitucionalidade abrange uma década das atividades legislativas de Taboão da Serra. A Procuradoria impugna desde a recente Lei Complementar 388, sancionada por Aprígio em 31 de agosto de 2022, até a longínqua lei complementar 305, aprovada em julho de 2013, na gestão de Eduardo Nóbrega na presidência da Câmara.

Estão também na mira do Ministério Público as leis complementares 312/2013, 320/2014, 330/2015, 332/2015, 338/2.017, 353/2018, e 365/2019.

Com a nova ação proposta ao Tribunal de Justiça, Aprígio e André Egydio, presidente da Câmara, são réus em duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade.

Maus legisladores

A Procuradoria-Geral de Justiça qualifica como “má técnica legislativa” vários dispositivos aprovados pelos vereadores taboanenses. Um deles foi instituir “a gratificação mensal de 25% do maior padrão de referência a Comissão do Controle Interno ou órgão equivalente”. Para os promotores, diante da “ausência de mais informações a respeito do preceito, opta-se por instaurar novo procedimento, a fim de analisar se referido dispositivo dispõe sobre o controle interno e sua função gratificada para exercê-lo”.

Criticada também a criação de cargos no legislativo por meio de projeto de lei complementar sancionada pelo prefeito, e não por projeto de resolução, que é prerrogativa do presidente da mesa diretora.

Mania antiga

Em março de 2012 o blog bar&lanches taboão denunciou que, dos 172 cargos de funcionários da Câmara Municipal, 120 deles eram preenchidos por pessoas submissas aos vereadores.

Após a denúncia, em 10 de setembro daquele ano a Promotoria de Justiça de Taboão da Serra fez o legislativo local assinar um Termo de Ajustamento de Conduta eliminando 32 cargos de livre-nomeados do quadro administrativo da Câmara.

O procurador Sarrubbo aponta que “ao todo foram previstos 75 cargos de provimento em comissão [livre-nomeados]” pela lei 388/2022. Ele afirma que, com exceção dos 26 assessores de gabinete, dos 13 chefes de gabinete, de outros seis assessores, o chefe de gabinete da Presidência, o diretor de relações institucionais e fiscalização de despesas e o procurador-geral, “todos os demais padecem de inconstitucionalidade material”.

6 comentários:

Anônimo disse...

Pelo visto puxaram o fio da meada da Prefeitura Municipal de Taboão da Serra e agora será a vez da Camara Municipal de Taboão da Serra.
No Taboão , Executivo nunca foi independente do Legislativo.

Anônimo disse...

Taboão da Serra é terra arrasada politicamente. A roubalheira de grana pública disfarçada de legalidade nunca acaba. A população precisa acordar e se revoltar.

Anônimo disse...

Vão precisar de uma edição extra do diário oficial da prefeitura de Taboão da Serra para colocar pra fora tanto parasita do dinheiro público. Ainda bem que somente falta 1 ano e 5 meses para essa turma vazar da prefeitura.

Anônimo disse...

A decisão do TJSP saiu dia 27/07/23 e até agora nada na imprensa de exoneração.

O povo tem que fiscalizar e pedir a exoneração desse monte de gente aí.

Além disso, ficar de olho no portal da transparência, pois os privilegiados com a gratificação GED não poderão receber mais receber esse privilégio.

Prefeito tem que cumprir a ordem ou vai cometer improbidade.

Exonerar os mais de 700 livres apadrinhados e cortar as gratificações dos privilegiados.

Anônimo disse...

Não adianta nada, sai um e entra outro e faz a mesma coisa. O ministério público deveria olhar também para a falta de vale transporte dos servidores de Taboão, do vale alimentação que é uma vergonha no valor de R$278. Servidores concursados ganhando menos de R$1.000 . Isso é uma vergonha.

Anônimo disse...

Esse site não vai denunciar no mistério público não? Até agora não saiu o edital de exoneração e da revogação das gratificações.
Prefeito tem que cumprir a decisão do Tribunal.