segunda-feira, 29 de março de 2021

Gestora do atendimento à Covid em Taboão da Serra teve certificado negado pelo Ministério da Saúde

Associação contratada pela gestão Aprígio também teve problemas com prefeituras da região metropolitana da Grande São Paulo. E-mail indicado para contato não existe, e o endereço físico é virtual

Unidade de Triagem da Covid ocupa o lugar da UBS Jardim Clementino

David da Silva

O Ministério da Saúde indeferiu em março de 2019 a concessão do Certificado de Entidade Beneficente para a Associação Instituto Prius contratada em março deste ano por José Aprígio, prefeito de Taboão da Serra, para realizar os atendimentos médicos dos casos leves e moderados com suspeita de Covid-19. A associação foi qualificada como “organização social” pelo secretário da Saúde taboanense no último 19 de janeiro. Esse mesmo pedido de qualificação foi negado pelas prefeituras de Osasco e Jundiaí em 2018 e 2019, respectivamente.

A recusa do certificado pelo Ministério da Saúde foi feita pela Portaria MS-SAS  nº 325, de 11 de março de 2019. Esse documento permite a celebração de convênios com o poder público.

A qualificação da Associação Instituto Prius como Organização Social foi negada pela Prefeitura de Jundiaí em 16 de janeiro de 2018 porque “não logrou êxito na comprovação de documentação exigida pela legislação municipal”.

Em 7 de outubro de 2019 foi a vez da Prefeitura de Osasco indeferir o pedido de qualificação para essa mesma associação em portaria assinada pelo então secretário da Saúde Fernando Machado Oliveira.

O custo da emergência

A Associação Instituto Prius foi contratada sem concorrência pública pela Prefeitura de Taboão da Serra em 9 de março de 2021 por 3 milhões e meio de reais (R$ 3.510.925,62). O contrato vale por 90 dias, e seu funcionamento é na UBS Jardim Clementino, que foi fechada para o público – os 20 mil munícipes atendidos pela unidade agora recorrem a outros postos de saúde.

O Hospital de Campanha instalado em abril do ano passado em Taboão da Serra dispunha de 60 leitos para internação. O Atendimento à Covid iniciado no último dia 15 de março não faz internação – são 6 (seis) leitos de observação do paciente “até sua liberação para casa ou transferência para a Unidade de Referência [UPA Akira Tada]”, diz o contrato.

“A nova administração da Prefeitura de Taboão da Serra cogitou a reativação de leitos no Serviço Especializado de Reabilitação (SER), onde já foi instalado o Hospital de Campanha. No entanto, os custos subiriam”, diz o release da gestão Aprígio. Os números não confirmam.

O Hospital de Campanha ficou em atividade do dia 6 de abril até 11 de setembro do ano passado. Quando resolveu fechá-lo o ex-prefeito Fernando Fernandes disse:  “Agora chegou o momento em que, com segurança, podemos entrar em uma nova etapa contra o coronavírus”. Hoje ele é criticado pela decisão.

Hospital de Campanha de Taboão da Serra custou R$ 8.912.455,94. Funcionou por 5 meses e 6 dias com 18.758 atendimentos (até 07/07) e 595 pessoas internadas até 11 de setembro de 2020 quando fechou

Em 11 de setembro a Covid tinha matado 270 pessoas em Taboão da Serra. Depois que o hospital fechou, outras 273 morreram até ontem.

Neste ano em Taboão da Serra, de 1º de janeiro a 28 de março 123 pessoas foram mortas pelo coronavírus – 40 delas nos últimos 23 dias.

Sem contato

A reportagem tentou contato com a Associação Instituto Prius. Mas o e-mail que consta em sua ficha cadastral não existe. Sua sede na cidade de Barueri funciona em um escritório virtual. O endereço Calçada das Margaridas, nº 163, sala 2 no Condominio Centro Comercial Alphaville é dividido com várias outras empresas como agência de emprego, cobrança, rastreamento e logística, imobiliária, segurança, corretora de seguros, entre outras.

O e-mail citado na ficha cadastral do cnpj da Associação Instituto Prius

Um comentário:

Unknown disse...

Esse governo, um engodo atrás do outro. Valeu me Deus...