sexta-feira, 30 de julho de 2021

Transferida para o cemitério a funcionária que denunciou desvio de vacinas em posto de saúde

Funcionária diz ter gravações de ameaças de assessores políticos: "Você vai ter que sumir de Taboão"

David da Silva

A funcionária pública Maria de Lourdes Carvalho foi transferida pela terceira vez de local de trabalho na Prefeitura de Taboão da Serra após denunciar, no mês de abril, o “escândalo das vacinas” na UBS (Unidade Básica de Saúde) Santo Onofre. Ela acusa favorecimento de pessoas, desvio de doses e exploração política na vacinação contra a Covid naquela unidade.

No dia em que levou o caso ao conhecimento do prefeito José Aprígio, a funcionária trabalhava na UBS Santo Onofre. Após a denúncia, foi removida para o SER (Serviço Especializado de Reabilitação - fisioterapia), depois deslocada para a Coordenaria da Mulher, e a seguir designada para o Cemitério da Saudade. Com isso, nos últimos quatro meses ela passou por três secretarias municipais diferentes – Secretaria da Saúde, Secretaria da Administração, e Secretaria de Manutenção.

“... ao Deus dará”

Maria de Lourdes Carvalho foi nomeada chefe de setor em 21 de janeiro deste ano. Ela já havia ocupado o mesmo cargo na gestão do ex-prefeito Evilásio Farias, função que ocupou por poucos meses, de 17 de agosto de 2012 a 31 de dezembro daquele ano. Sob o nome de urna “Maryah”, foi candidata não eleita a vereadora em 2020.

Maryah foi ao gabinete de Aprígio no último 8 de abril relatar o desaparecimento de vacinas contra a Covid no local onde trabalhava. A denúncia envolvia funcionários de confiança do vereador Alessandro Olímpio, vulgo Bodinho.  O caso foi revelado pelo jornalista Adilson Oliveira, do site VERBO Online em 13 de abril.

A funcionária confirma que fez a denuncia diretamente a Aprígio. “Conversei com o prefeito, com a dona Luzia [vereadora e primeira-dama], entreguei as provas tudo na mão dele. Ele falou assim: ‘conversa com o Tarifa’ [secretário municipal da Saúde José Alberto Tarifa]”, conta a servidora. Ela disse ainda ao repórter Oliveira que falou sobre o caso com o secretário de Administração Wagner Eckstein Junior (“que fez minha última transferência de setor”, diz ela). “Aí me tiraram 10 dias da prefeitura, eu fiquei sem saber o que iam fazer comigo, fiquei a Deus dará”.

Maryah depôs na comissão de sindicância interna da prefeitura em 20 de abril. No mesmo dia, em seu depoimento o chefe da Vigilância Epidemiológica Milton Parron admitiu: “realmente constatamos que naquela unidade [UBS Santo Onofre] até hoje nós temos 233 doses [de vacina contra Covid] que eles não dão conta do que realmente aconteceu”.

Depois do centro de fisioterapia e da Coordenadoria da Mulher, no cemitério Maria de Lourdes trabalhou por cerca de 10 dias no registro de óbitos. Um colega da prefeitura informou que ela está afastada, mas no site oficial consultado hoje pela manhã sua condição de trabalho consta como "normal". Segundo outra fonte ouvida pelo blog a funcionária está tomando o medicamento Clonazepam, indicado para transtornos de ansiedade e distúrbio do pânico.

4 comentários:

Márcio Assunção disse...

Em março de 2019, a Câmara Federal aprovou o PL (Projeto de Lei) 4742/2001, que tipifica o assédio moral no trabalho como crime. ... Ainda de acordo com o PL, assédio moral é definido como “ofensa reiterada da dignidade de alguém que cause danos ou sofrimento físico ou mental no exercício do emprego, cargo ou função”.

Unknown disse...

Numa administração pavorosa e débil como a gestão Aprígio é normal promover o bandido e punir o mocinho. Certamente, as vacinas não sumiram, mas, vacinaram os amigos do prefeito, dos vereadores, etc.

Anônimo disse...

Bandidos.Canalhas

Unknown disse...

Essa funcionária está lutando contra o crime sozinha. Todos os vigaristas políticos de Taboão da Serra e apoiadores estão contra ela.