David da Silva
À
meia-noite e nove minutos desta 5ª-feira (23) Daniela Campos, 37 anos, moradora
de Taboão da Serra, denunciou em rede social que uma médica do Pronto Socorro
Infantil (PSI) de Taboão da Serra afirmou que, caso sua filha L., de 4 anos,
continue usando chupeta, pode se “transformar em lésbica”. A menina sofre de
convulsões diárias, perda de consciência por certos períodos, salivação e lacrimação
excessiva.
Daniela
relata que levou a filha ao PSI de Taboão na última 3ª-feira (21). “Levei a L.
e o irmão dela ao pronto socorro infantil. A primeira médica fez os
procedimentos, pediu RX, e disse pra depois eu levar as crianças à colega dela ao
lado, porque ela iria almoçar”. A outra médica disse que o menino estava com
dor de ouvido. “Eu disse que não, meu filho não estava com essa dor. Que era
sinusite”. Após a médica conferir a radiografia, constatou que era, mesmo,
sinusite.
Durante o atendimento ao irmãozinho, a menina L. ficou agitada, e começou a morder a mãe. “A médica perguntou se ela era sempre assim. Eu disse: ‘daí pra pior’. Ela pediu que eu sentasse a L. na maca, e disse: ‘tira a chupeta dela’. Eu disse que se tirasse a chupeta ela ficaria mais nervosa, porque a chupeta acalma ela”, relata Daniela. “Você não tem controle da sua filha?”, criticou a médica. A mãe tirou a chupeta da menina para a médica examinar a garganta, e recolocou.
A pequena L. é autista, padece da Síndrome de Lennox-Gastaut, paralisia cerebral, e passa por investigação de esclerose tuberosa.
Desnorteada
“A
senhora tem consciência do que a chupeta pode causar na vida da sua filha?”, questionou
a médica. “No máximo os dentes ficam tortos”, respondeu Daniela. “Não”,
contestou a doutora. “Voce sabia, mãe, que uma criança com mais de dois anos tem
o sério risco de ser uma criança homossexual por conta da chupeta?”.
“Eu
olhei pra ela, me assustei, fiquei desnorteada”, conta a mãe. A médica
prosseguiu: “A senhora está ensinando para a sua filha a prática do sexo oral
precoce”, disse a pediatra Lucia Cristina Rabelo Nahuz.
A
seguir, segundo a mãe, a médica abordou Daniela sobre suas crenças. “Porque
para aceitar uma criança autista, precisa ter muita fé”, disse a médica.
A
seguir Daniela explicou à médica os remédios que a filha não podia tomar. “Ela
vai tomar amoxilina”, determinou a doutora. Quando a mãe recusou, porque
amoxilina está em falta, a médica retrucou: “Você vai atrás de amoxilina onde
tiver, não sou eu quem tem de ir”.
Após
o bate-boca mãe-médica, foi receitada cefalexina.
A pequena L. usa três caixas por mês do medicamento Prati-Donaduzzi, R$ 2.607,27 cada caixa. “Hoje minha filha ainda tem crises convulsivas. Nem tanto como antes. Já fala do jeitinho dela, anda, e aprendeu a comer”.
Afastamento
Após
a consulta, Daniela Campos procurou a secretária adjunta da Saúde Thamires May.
“Ela disse que a médica seria afastada; me instruiu sobre os trâmites que eu
teria de fazer”, diz Daniela.
A menina L. ficou internada no PSI Taboão da Serra na noite de 3ª para 4ª-feira, e na manhã seguinte Daniela foi à Delegacia da Mulher registrar queixa. “A pessoa que me atendeu na delegacia disse que não faria B.O., e que eu procurasse um advogado para abrir processo cível, porque o que a médica fez não é crime”, relata. “Saí de lá com o coração estraçalhado”.
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