Samba em PrelúdioBaden Powell / Vinícius de Moraes
Eu sem você não tenho porqueporque sem você não sei nem chorarSou chama sem luz, jardim sem luarLuar sem amor, amor sem se dar
Eu sem você sou só desamorum barco sem mar, um campo sem florTristeza que vai, tristeza que vemSem você meu amor eu não sou ninguém
Ah, que saudade!Que vontade de ver renascer nossa vidaVolta querido, os meus braços precisam dos teusTeus abraços precisam dos meus
Estou tão sozinhatenho os olhos cansados de olhar para o alémVem ver a vidaSem você meu amor eu não sou ninguém
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Domingo será Tempo de Amor
sábado, 25 de junho de 2011
Baden e Vinicius reconquistam SP com Cia. Jazzcira
Cia. Jazzcira - Foto: Guma |
- Zona Oeste - Biblioteca Alceu Amoroso Lima, Pinheiros, em 25.mar.2011
- Zona Leste - Biblioteca Cora Coralina, Guaianazes, em 29.mai.2011
- Zona Norte - Biblioteca Álvares de Azevedo, Vila Maria, em 26.mai.2011
- Zona Sul – Biblioteca Viriato Correa, Vila Mariana, em 27.abr.2011, e C.E.U. Navegantes, Grajaú, em 24.jun.2011
Vinicius e Baden em Paris - Revista O Cruzeiro, 31.out.1964 |
domingo, 24 de abril de 2011
Baden Powell, o Semideus
Ai, o amorQuem temDeve dar valorE eu não tenho ninguémJá quis ter um bemDeus me recusouE eu não tenho ninguémAh, não tenho ninguém
Se a tal felicidadePra todo mundo vemMeu coração por que é que é tão só solidão?E eu não tenho ninguémEu não tenho ninguém
E a infelicidade eu já conheço bemToda paixão que ao peito vem é ilusãoE eu não tenho ninguém, aiE eu não tenho ninguémEu não tenho ninguém...
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Descabelado, confuso e entupido de dólares
Um violão na terra dos samurais


E até fazer saudação com um sonoro Saravá! サラヴァ
![]() |
Jornal japonês de 27.set.2000 noticiando a morte de Baden no dia anterior |
domingo, 26 de setembro de 2010
Há 10 anos, o Violão Vadio emudeceu
sábado, 26 de setembro de 2009
Ecos do Baden na Escandinávia
Ao passarmos diante de um determinado prédio, o Arne apontou:
- David, naquele apartamento deve morar algum brasileiro. Porque eu sempre vejo a bandeira do Brasil naquela janela quando tem jogo da Seleção.
Randi foi secretária da Embaixada Brasileira na Noruega. Sabe tudo de Oslo:
- Ali mora o percussionista brasileiro Alfredo Bessa – explicou Randi. – Ele é casado com uma norueguesa.

Alfredo está com 76 anos. Vejo alguns vídeos dele no Youtube tocando com amigos no Bar Brasil, na capital da Noruega. Também desenvolve um trabalho de terapia musical numa instituição do governo local.
Não pude parar alí para cumprimentar o companheiro do meu violonista imortal. Um ônibus já me esperava para ir a Sandefjord. Quando eu voltar a Oslo, vou procurar Alfredo Bessa para uma entrevista.
Um mês antes deste episódio, eu estava na Finlândia, onde conheci o baterista Matti Koskiala. Ele é um entusiasta da música brasileira. Uma postagem sobre Matti está agendada para as próximas semanas aqui no nosso blog-boteco.
Matti Koskiala me contou que assistiu Baden Powell em Helsinki no ano de 1975:
– Só não deu pra falar com ele – lamentou Matti. – O Baden passava o dia inteiro bêbado. Só saia do quarto para o bar do hotel, e dali para o palco. Mas fez dois concertos inesquecíveis aqui.
Na década de 1970 o empresário de Baden Powell era o suíço Daniel Bakman. Na sua temporada na Escandinávia, Baden tocou na Finlândia, na Dinamarca e na Suécia. Estava no auge de sua capacidade técnica de instrumentista. Sua grande explosão criativa foi na década anterior. Seu violão era do tamanho do mundo. Não cabia só no Brasil. Dos 70 discos que gravou, 60 foram feitos no exterior.
Baden esteve abraçado ao bojo do violão desde os 4 anos de idade. Morreu com 63 anos.
Seu corpo desceu à sepultura às 14h da 4ª-feira 27.set.2000.
Baden Powell: A Lenda do Abaeté, de Dorival Caymmi (Grav. 1969)
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Encantamentos ao violão em torno de Dora
A primeira vez que eu vi o Baden Powell tocando Dora, do Dorival Caymmi, foi em 1989, num show que ele fez aqui
Me encantou a inserção que ele fazia repetindo o toque do clarim no trecho específico da canção.
Baden gravou Dora pela primeira vez no lendário disco Baden Powell Quartet Volume 1, gravado na França entre os dias 10 e 12 de dezembro de 1970, para a gravadora Barclay.
Em maio de 2000, quatro meses antes de morrer, ele lançou o CD Lembranças, um álbum meditativo, como que anunciando sua despedida, e nele reapareceu Dora com mais novidades. Além do toque do clarim, Baden adicionou uma introdução evocando O Mar, do próprio Caymmi. “Acho que a inspiração lhe ocorreu quando afinava o violão", comenta Fernando Faro, no vídeo promocional que dirigiu para o último trabalho do imortal violonista.
domingo, 17 de agosto de 2008
Domingo é dia de Baden Powell

Pelo jeito não estou sozinho. Quem redigiu a nota da Folha anunciando o próximo fascículo, caprichou no texto, fazendo-me perceber nas entrelinhas uma igual devoção ao inigualável violonista: “Não são poucos os especialistas e músicos que o consideram o maior violonista brasileiro de sua época, ou mesmo o melhor do mundo. Instrumentista de técnica perfeita, capaz de tocar nos andamentos mais velozes, ele combinou modernidade e tradição em seu estilo. Era como se, praticamente, toda a história do violão brasileiro saísse das cordas de seu instrumento.”
A pessoa que escreveu isto, nunca, jamais e para-todo-o-sempre terá de pagar nada neste nosso humilde e comovido boteco imaginário.
Betty Faria no terreiro de Baden

No estupendo Canto de Ossanha, é ela quem divide os vocais com o Poetinha. Vinícius canta como no murmúrio de uma súplica, e Betty reforça as sílabas finais de cada verso com sussurrante sensualidade. O lendário disco foi gravado entre os dias 3 a 6 de janeiro de 1966.
Pena que Baden não gostou. O maestro Guerra Peixe escolheu dar à gravação uma sonoridade rústica, como se fosse feita mesmo em um terreiro. Baden achou isto uma bosta (embora em público usasse a expressão “mal gravado”) e regravou 11 daqueles afro-sambas com outros músicos na década de 90.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
Hoje tem Baden na Sesc TV

É a primeira parte do projeto Obra Viva, realizado no Sesc Pompéia no ano de 2006.
O show foi dirigido pelos endiabrados violonistas do Duofel, com participação de Paulo César Pinheiro, Chico Pinheiro, Marcel Powell, Natan Marques, Maurício Carrilho, Quarteto Maogani, Paula Morelembaum, Dalila Couti e Yamandu Costa.
Se você estiver grudado no jogão de bola Sport x Curíntia (dá-lhe, Sport!!!) não tem problema. O programa será reprisado amanhã (12/06) em horários dignos a quem vive na boemia: às 4h da matina, e às 16h30.
O SescTV está disponível via Sky no canal 3, na Direct TV no canal 211, na TecSat no canal 10 e através de sinal digital no Satélite B3 freqüência 3768-V. Em São Paulo e Rio de Janeiro a emissora também está disponível via Net Digital no canal 92.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
O dia em que Baden Powell “quebrou” o braço
Quando não estava gravando, fazendo show ou praticando (passava religiosamente de 6 a 8 horas por dia treinando no violão), Baden se enfiava pelos botequins parisienses. E nem sempre eram locais recomendados para artistas do seu renome.
Não raro, a mulher de Baden pedia ajuda à polícia, para ir buscá-lo em tavernas infectas, onde Badéco era capaz de varar madrugadas, tragando uma quantidade industrial de whisky.
Certa manhã, seu empresário o aguardava no estúdio, acompanhado por quase uma centena de outros músicos e jornalistas, especialmente convocados para o acontecimento: Baden iria gravar Garota de Ipanema. A hora avançava, e nada de Baden. Nervoso, o produtor liga para sua casa. Um ressaqueado Badéco atende: “Rapaz, bebi tudo ontem à noite. Não consigo tocar nada hoje”, desculpou-se. “O que faço com todos estes convidados?”, desesperou-se o empresário. “Diga que eu quebrei o braço.” “Como vai quebrar o braço hoje e tocar amanhã?”, insistia o homem, mas o telefone já pendia inerte das mãos gloriosas do gênio.
Dia seguinte, lá foi todo aprumado nosso deus das cordas, fazer a mais esplêndida gravação da canção de Tom e Vinícius. Assista uma das muitas versões que Baden deu à canção-símbolo da Bossa Nova.
Baden continua a fazer milagres
Pois foi publicado ontem, num site de notícias da Suíça, que uma linda nativa daquela terra rendeu-se à Música Brasileira exatamente pelo som do Mestre. Acompanhe o relato do jornalista Alexander Thoele: “A vida da adolescente decorria normalmente até o dia em que ela começou a vasculhar a coleção de discos do pai e descobriu um com uma capa interessante. Quem seria Baden Powell? O achado se transformou em mágica sonora ao colocar a bolacha na vitrola. O efeito das cordas dedilhadas pelo virtuoso violonista e compositor brasileiro, a voz suave das parcerias e principalmente as nuances do português, esse idioma tão exótico para seus ouvidos, foi fulminante.”
Leia o que aconteceu depois deste encontro da cantora Jenny Chi com o som insuperável do Badéco.
Abaixo, num brinde da casa, um pouquinho desta deliciazinha suíça em Esperança Perdida, de Tom Jobim e Billy Blanco.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Versos para o homem feito de madeira e cordas


Acima de nós está a imortal, a imensa música
Mais alto ainda,
há aqueles que a derramam,
que a expandem
E no topo disso
Há Baden Powell
Homem genial
Homem em forma de cordas de violão
que faz descer seu sangue até nós
dentro da sua música
nossa música
nossa vida.
E toda vez que nos deparamos com versos, não há como não lembrar de Vinícius, uma das pessoas mais importantes na existência imensa do nosso incomparável mestre das cordas. Segue aí a benção de Vininha para o Badéco:

Você para quem o violão é a única arma de combate ao desamor,
ao convencionalismo e à indiferença.
Você cuja música dá tristeza e faz pensar.
- Parceiro exemplar que vai devagar e sempre ganhando o coração do mundo…
… a benção, Baden!"
domingo, 20 de abril de 2008
A História de SAMBA TRISTE
Certo entardecer, me aparece no [número] 101 da [Rua] Raul Pompéia, 186, Posto 6, Copacabana, Rio de Janeiro, uma figura de "sabagante valetudinário" (homem de compleição pequena), expressão que era usada carinhosamente por um imortal cujo o nome não me ocorre se referindo ao Grande Otelo.
O dito personagem, que em talento era muito maior que um Golias já naquela época, se chama Baden Powell de Aquino. Segundo ele, por pouco que o primeiro nome não era Robert, para xará total e absoluto do lorde inglês fundador do escotismo. Acontece que papai Aquino era chefe escoteiro fanático.
Badinho, dezoito anos, novinho, cheirando a tinta, que só tomava guaraná, me mostra um samba, que naquele ano de 1957 já era Bossa Nova. E me pede uma letra.
-Que nome você deu ao samba?
-Samba Triste, mas pode mudar se quiser fazer outro tema de letra.
-Não, está lindo o nome!
Então trabalhamos em cima do título e acabamos o samba.
Se o Baden tivesse passado antes na casa do Vinicius, a letra teria ficado melhor, tenho certeza.
Mas graças a Deus ele não conhecia ainda o Vinicius, e essa [letra de música] me dá um trocado federal, estadual, municipal e internacional até hoje.
Billy Blanco é músico e compositor, parceiro e compadre de Baden Powell.
Leila Pinheiro canta Samba Triste, acompanhada por Marcel Powell (filho de Baden) no concerto de 26 de janeiro de 2007, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro.
Veja aqui o Mestre arrebentando num show para uma platéia colossal na Europa, na década de 1960.
terça-feira, 25 de março de 2008
Um belo samba na velocidade de um raio
sábado, 22 de março de 2008
Paulinho relembra doideiras do amigo genial
Mas não foi esta notícia que me deixou na aflição em que me encontro. Os deuses não deixam que gênios da nossa raça sucumbam à incúria das (des)autoridades.
Este sentimento invadiu minha alma porque, naquele mesmo dia, meu amigo Ary Marcos Pero Gonçalves da Motta, do Refúgio do Sambista, me avisou: “Nosso próximo Tributo [os dois anteriores foram para Eduardo Gudin e Candeia] vai ser pro Paulinho César Pinheiro”.
Por isto aqui estou me roendo: com que mão se cumprimenta um deus? Com que palavras ou gestos, certamente insanos, se pode agradecer ao monumental poeta que mais fez letras para a música brasileira? – há proposta de incluí-lo no Guinness Book por suas 900 músicas gravadas, dentre mais de 1.500 compostas e umas 600 esperando a vez.
Para desbaratinar o tormento prévio pelo indelével encontro, resgato alguns depoimentos do Paulinho sobre sua convivência com o Baden. São livres reproduções de uma bela matéria de um jornal do Nordeste, e da colossal entrevista de Luiza Nascimento para A Nova Democracia.
“O Baden Powell era um cara muito doido”, sintetiza Paulo César Pinheiro. Eles se conheceram quando Paulinho tinha 14 anos, e Baden, 26. Ambos moravam em São Cristóvão, no Rio. Todavia, o primeiro encontro deu-se no batizado de uma sobrinha de Baden, no bairro Olaria. “Foi minha primeira noite fora de casa”, lembra o poeta. Naquele fase adolescente Paulo era parceiro do também violonista João de Aquino, primo de Baden.
A amizade se firmou, e Baden, já famoso na época, passou a levar o garoto em suas andanças noturnas. “Ele me buscava em casa. Meu pai achava que música era coisa de vagabundo; só me deixava sair porque era com o Baden Powell”, conta.
Até os 20 e poucos anos Baden só bebia guaraná. Quem o levou para as noitadas etílicas foi Vinícius de Moraes. Agora, ele fazia o mesmo com Paulinho.
O garoto já assombrava pelo talento precoce. Impossível não se espantar com um menino que, com apenas 14 anos, escreveu “Oh, tristeza me desculpe, / Estou de malas prontas, / Hoje a poesia veio ao meu encontro, / Já raiou o dia, vamos viajar! / Vamos indo de carona, / Na garupa leve do vento macio, / Que vem caminhando, / Desde muito longe, lá do fim do mar...” (Viagem, com João de Aquino).
Mais espantoso é que Paulinho era um péssimo aluno de Português até então. Um dia, durante as férias escolares em Angra dos Reis, ele foi acometido do que em Literatura chamamos “estalo de Vieira” (referente ao Padre Antonio Vieira, maior sermonista da nossa língua; o termo aplica-se à compulsão irrefreável por escrever).
Dois anos depois do primeiro encontro, Baden intimou seu amiguinho de boemia: “Tá na hora da gente compor alguma coisa juntos.” Assim. Na lata. O moleque se arrepiou. Baden era parceiro de Vinícius de Moraes!!! “Fiquei com medo, mas o Baden insistiu e eu topei, apesar de todo o peso que senti”, diz Paulinho.
E não é que o garotão de 16 anos incompletos entrou com a mão direita no universo imenso do violão imortal de Baden? Sente só:
Vai, meu lamento, vai contar
Toda tristeza de viver
Ai!, a verdade sempre trai
E às vezes traz um mal a mais.
Ai!, só me fez dilacerar
Ver tanta gente se entregar
Mas não me conformei
Indo contra lei
Sei que não me arrependi
Tenho um pedido só
Último talvez, antes de partir:
Quando eu morrer me enterre na Lapinha,
Calça, culote, paletó almofadinha
“Tudo com o Baden era assim. Ele chegava de repente com suas idéias fervendo na cabeça, e a gente tinha de seguir suas doideiras”, conta Paulinho com um sorriso nostálgico nos lábios.
Feito aquela vez em que o poeta estava sossegado em sua casa, quando um esbaforido Baden Powell irrompe porta adentro:
- Me dá a sua carteira de identidade aí!
- Pra quê? – espantou-se Paulinho.
- Você vai pra França comigo.
- Hãããã!!!
Mas este caso fica pra outra hora...
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Baden Powell revisita afro-sambas

(Publicada n’O Estado de São Paulo, 26.fev.2008)
Fazia então dez anos que Vinicius tinha morrido, mas o Quarteto em Cy, que imprimiu seu vocal na gravação original, realizada entre 1965 e 1966, se reencontrou com Baden para participar de oito faixas. Dentre as mais de 20 canções que a dupla compôs com essa temática, há os clássicos Canto de Ossanha e Labareda, que fizeram parte do LP original dos afro-sambas. Baden também faz variações sobre Berimbau nesta revisita.
Depois que virou evangélico, Baden renegou sua obra-prima com Vinicius. Por sorte, ele as reinventou nessa empreitada, em mais um mergulho profundo nos mistérios dos ritos afro-brasileiros e seus orixás. A voz é pequena (e as "meninas" do Quarteto em Cy compensam), mas o violão fala por ele, percussivo, sofisticado, contundente, em arpejos vigorosos. Baden ainda regravaria outros clássicos da dupla, como Consolação e Samba da Bênção seis meses antes de morrer em 2000. O registro está no álbum Baden Plays Vinicius, lançado em 2007, um melancólico, solitário e pungente toque de adeus, igualmente imprescindível.
No CD dos afro-sambas, além do Quarteto em Cy, ele está acompanhado de uma banda de baixo, bateria, flauta e percussão. O encarte traz a reprodução de uma carta que Baden enviou a um tal Joel, explicando por que queria regravar esses temas: a qualidade sonora, disse ele, "era a pior naquele tempo" (anos 60), "só existiam dois canais em hi-fi". Ele lembra também que nos dias de gravação caiu um "temporal histórico" e que ele e Vinicius estavam encharcados mesmo era de uísque e cerveja. Tocavam e cantavam "com muita raça, mas também bastante bêbados".
Alguns desses afro-sambas estão no roteiro dos shows que Fabiana Cozza e Max de Castro fazem juntos de sexta a domingo no Sesc Vila Mariana.
Saravá!
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Filho de peixe...

Dizem que Marcel herdou do pai o domínio sobre o violão. Não é verdade. Baden foi e será sempre único, o maior violonista do planeta.
Mas levarei meu aplauso e meu abraço a este jovem talento das cordas brasileiras.
Marcel reprocessa com inteligência e sensibilidade a tradição violonística brasileira iniciada por mestres como Dilermano Reis, Garoto, João Pernambuco e universalizada por seu pai Baden Powell.
O repertório inclui seu último CD Aperto de Mão, passando pelo samba, choro, frevo e clássicos do jazz e músicas como Último Desejo (Noel Rosa), Desenho de Giz (João Bosco e Abel Silva), Essa Maré (Ivan Lins e Ronaldo M. Souza) e Round’bout midnight do pianista Thelonious Monk.
SESC Pinheiros - Duração: 1h20. Auditório - 3º andar (capacidade para 100 pessoas). Não é permitida a entrada após o início do espetáculo.
Ingressos: R$ 12,00 [inteira]
R$ 6,00 [usuário matriculado no SESC e dependentes]
R$ 3,00 [trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes]
Rua Paes Leme, 195. Tel. 3095-9400
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Baden no bairro boêmio: a "Manhã" durava uma noite inteira
Quando o pai faleceu, Baden trocou a passagem Rio-New York pela Rio-Paris, por sugestão de seu recente parceiro Vinícius de Moraes.
Ele desembarcou na Cidade Luz com poucos dólares no bolso. Não tinha grandes contatos no meio artístico parisiense. Só tinha a cara, a coragem, e o violão debaixo do braço.

Foi ganhar a vida tocando em casas noturnas do Quartier Latin, bairro boêmio da capital francesa. Os bares e restaurantes lotavam para ver aquele moreno brasileiro tirar um som de seu violão como jamais haviam ouvido.
Certa noite, Baden estava conversando com seu amigo Pierre Barrouh: “Vou voltar pro Brasil”, disse Baden. “Não está gostando daqui? Vê toda esta gente? Eles fazem fila todas as noites pra te ouvir!!!”, retrucou Pierre. “Meu visto de permanência na França está acabando”, revelou Baden.
Pierre usou de todos os seus recursos como compositor, ator e cineasta, e arrumou para Baden fazer a primeira parte do show do cantor Jacques Brel, no refinado teatro Olympia de Paris. O público esperava só samba-carnaval daquele violão mulato. Mas entre os sons do Brasil também fluíram obras de Bach, Chopin e Ravel. O imenso violão de Baden combinava profunda base erudita com o balanço e a melodia de apelo popular, entremeado pelo alto poder de improvisação herdado do jazz e do chorinho. Na hora do bis, teve de voltar 8 vezes ao palco.
Aquela noite marcou o início de uma sólida convivência de Baden e a capital da França, onde ele viveu por 20 anos. Um de seus grandes sucessos na Europa era sua interpretação para Manhã de Carnaval, de seu amigo violonista Luiz Bonfá, em parceria com Antonio Maria, jornalista e poeta pernambucano radicado no Rio. Além de ser uma das mais belas canções produzida por um ser humano, Manhã de Carnaval ganhou dezenas de versões diferentes no violão de Baden. É um destes arranjos que você vai ver-ouvir no vídeo abaixo.
Antes de você iniciar a audição, vou te contar rapidinho como Baden e seu violão enfeitiçavam o público, em suas apresentações madrugada adentro.
A cada duas músicas, Baden tocava Manhã de Carnaval de um jeito diferente. Além de se extasiar com as novas canções exibidas, o ouvinte ficava curioso para conhecer o novo arranjo para aquela mesma magnífica canção.