David da Silva
No
dia da sua posse, em 1º de janeiro, o prefeito Daniel Bogalho poupou seu
antecessor pela elevação abusiva da tarifa de ônibus: “Não deixo aqui nenhuma
crítica ao Aprígio quanto ao aumento da passagem”. A reação das redes sociais
foi imediata. “Já entram com o discurso pronto!”, lamentou a corretora de
imóveis Sílvia Melo. O reajuste acima da inflação foi decretado pelo
ex-prefeito quando Daniel já estava diplomado para o cargo, e entrou em vigor
24 horas depois de assinado.
O
novo prefeito chegou a declarar que “R$ 5,80 hoje é complicado, não é uma
passagem que condiz com a realidade da população”. Gabriela dos Santos Ribeiro
foi prática: “E qual será a sua ação diante dessa situação?”. O chef de cozinha
Sandro Silva apimentou o assunto: “Então o que você vai fazer para mudar? Ou só
tá dando uma de doido?”.
Para
diminuir a fervura, Daniel disse que “meu sonho é ter tarifa zero”. Mas, fora
do campo onírico, não apresentou solução.
O
internauta Luís Bononi acredita que a nova gestão pode reduzir a tarifa, como
foi feito pelo ex-prefeito Fernando Fernandes em 2013. “Reavalia e reduz, é
simples. Afinal, quem é o prefeito agora?”. Deisy D. Reis faz eco: “Ele é o
prefeito, é só mudar a lei”.
Daniel,
porém, prefere pegar outro rumo e encompridar a conversa. “Temos que ter muita
cautela. Numa próxima entrevista terei mais dados na mão”, disse na solenidade
de posse.
A munícipe Alessandra Buenno discorda da vagareza: “Faça alguma coisa, querido. Quem votou em você, votou para melhorar, e não para piorar”.
Teoria da conspiração
Circulou
nas redes sociais a hipótese de o novo governo ter articulado com o antigo o
aumento da passagem. O blog bar&lanches
taboão recebeu uma dessas mensagens conspiratórias pelo whatsapp. No
instagram, em comentário à fala do prefeito, um perfil com feed zero em nome de
Vinícius Martins Santana é um dos fomentadores, com requintes de roteirista e direito
a licença poética: “tem gente muito inocente que ainda cai nesse papo. Até
parece que isso não é acordo entre eles: ‘Aprígio, tô chegando agora, como você
tá saindo aumenta a passagem. Daí o povo vai ficar bravo com você, mas logo esquece’.
Situação e oposição são duas asas do mesmo pássaro”.
A postura de Daniel [“Não deixo crítica ao Aprígio quanto ao aumento da passagem”] foi vista como uma segunda assinatura ao decreto do reajuste.
Evasão
Apesar
de a tarifa de ônibus em Taboão ser mais cara que em várias capitais do Brasil,
a empresa operadora do sistema municipal alega que há linhas com baixa demanda.
A munícipe Cláudia Nicoleti desmancha o argumento: “ter que esperar 45 a 50
minutos uma condução. Esse Circular 7.1 á assim. Falam que não tem passageiro
suficiente”.
Karen
S. Machado esclarece o porquê de algumas linhas rodarem batendo lata: “R$ 5,00
já é muito caro para o Circular. Os ônibus demoram muito para passar, por causa
disto, acabamos usando mais os intermunicipais”.
A incipiente vereadora Najara Costa não falou da tarifa do ônibus na sua posse em 1º
de janeiro. Mas mantém o assunto aceso nas redes sociais. “R$ 5,80 é absurdo! Queremos
redução imediata”, diz ela nos seus posts do instagram, facebook, threads e
ex-twitter. Ao elencar os cinco motivos pelos quais qualifica o aumento de
absurdo, a parlamentar garante: “levaremos esse debate à Câmara e à Prefeitura.
Vamos reivindicar, fiscalizar e pressionar. Queremos mobilidade digna”, diz ao condenar a falta de bilhete único e de integração entre as linhas circulares.
Origem do sistema
O
transporte coletivo municipal foi implantado há 32 anos pelo prefeito Armando
Andrade. A primeira linha a ser regulamentada foi a Circular 1, oficializada em
23.dez.1992, partindo do bairro Jd São Judas com seis ônibus da empresa Taboão
Transportes e Turismo, a popular Taboão TT.
Na
mesma data, foi regularizada a linha Circular 2, operada pela empresa Frantur,
que em julho/1993 paralisou o serviço.
Em
março/1993 foi instalada a linha Circular 4, que hoje é a mais longa, com 18 km
de extensão.
Em
dezembro do mesmo ano, foi recriada a linha Circular 2 e criadas as linhas 6 e
7, com traçados diferentes dos atuais.
Em 1996, o sistema dos circulares deu um grande salto, com o surgimento de sete novas linhas. Em abril/1997, foi criada a Circular 13, que teve vida curta, extinta em março do ano seguinte.
Atualmente,
existem 10 linhas de ônibus circulares monopolizadas pela Viação
Fervima/Pirajuçara. No dia 6 de janeiro, o blog pediu à empresa a quantidade de
usuários de cada linha; passados quatro dias, não houve resposta.
Solicitamos
esses dados à prefeitura por meio da Lei de Acesso à Informação, e aguardamos
atendimento.
Planilha de 2019 apontava que naquele ano, quando havia nove linhas, os 124 ônibus da frota circular levaram mais de 1 milhão e 200 mil (1.260.503) pessoas por mês:
CIRCULAR |
PASSAGEIROS |
FROTA |
|
2 |
Leme/Centro (via Maria Rosa) |
207.966 |
18 |
3 |
Leme/Centro (via Mª Rosa-Pazini) |
90.537 |
5 |
4 |
St
Moritz/Centro (via BR-116) |
218.217 |
20 |
5 |
St
Moritz/Centro (via Salete-Piraju) |
201.268 |
18 |
6 |
St
Moritz/Centro (via Mª Rosa) |
217.951 |
18 |
7 |
Laguna/Centro (via Mte Alegre) |
51.122 |
5 |
8 |
St
Moritz/Centro (via Mª Rosa-Marabá) |
81.316 |
5 |
9 |
Indiana/Centro (via PS Antena) |
131.959 |
17 |
9.1 |
Indiana/Centro (via Novo Record) |
60.167 |
18 |
FONTE: Arquivo bar&lanches taboão - dezembro/2019
OS PIONEIROS
Arquivo: blog bar& lanches taboão |
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