que me emprestou a semente da vida,
e me ensinou a ser brasileiro.
Quando dei por abertos os trabalhos deste blog em 2007, inaugurei uma seção especial em tributo a Noel Rosa. Hoje completam-se 100 anos desde o seu nascimento.
É data solene.
Se você não está captando nenhuma sensação diferente no clima deste sábado, é porque, então, o Brasil não te penetrou na pele. Não há brasilidade alguma em uma gota sequer do seu sangue.
Hoje as ruas se me apresentam mais sinuosas. As mulheres neste 11 de dezembro me parecem mais cheias de ângulos e doçuras e possibilidades. A molecada toda está com umas carinhas mais sacanas na medida em que o sol avança e a lua se apronta para mais uma noite de lindas batucadas.
Se você não consegue pendurar nos lábios nenhum fio de melodia de um dos sambas imortais do eterno Noel Rosa... me faça um favor. Pula da cama amanhã bem cedinho, espera o cartório abrir, e mude sua nacionalidade.
Se o Dia do Centenário de Noel Rosa não está te dizendo nada... então, meu chapa, é porque você está vendo e ouvindo e respirando mas não está entendendo nada do que rola à sua volta.
Assim que botar o ponto final nesta postagem, vou ao encontro dos meus colegas de copo e de cruz para louvarmos o Poeta da Vila com toda a ritualística exigida nesta data querida.
Abaixo alguns dos artigos publicados há tempos aqui no blog-buteco sobre o compositor que ensinou num samba seu de 1933 que “tudo aquilo que o malandro pronuncia – com voz macia / é brasileiro – já passou de Português”:
Sobre o por quê do nome Noel e sua constante pindaíba, leia aqui
A dançarina Ceci que aos 16 anos enfeitiçou o Poeta da Vila
A origem do famoso samba que diz: “Até amanhã, se Deus quiser / se não chover eu volto pra te ver, oh mulher...”
Noel e seu sono de pedra - a enorme dificuldade de tirar Noel Rosa da cama antes das três horas da tarde.
A data em que a obra de Noel Rosa tornou-se domínio público
Como nasceu o samba Três Apitos
O cinema falado é o grande culpado da transformação
O dia em que Noel fez uns “caipiras” pensarem que um disco fica pronto na hora!
Não Tem Tradução, samba de Noel Rosa composto em 1933 – Canta: Aracy de Almeida
O cinema falado é o grande culpado da transformação
Dessa gente que pensa que um barracão prende mais que o xadrez
Lá no morro, seu eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do inglês
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
Mais tarde o malandro deixou de sambar, dando pinote
Na gafieira dançando o fox-trot
Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição
Não se lembra que o samba não tem tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro, já passou de Português
Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são “I love you”
E esse negócio de “alô”, “alô boy”, “alô Johnny!”
Só pode ser conversa de telefone.
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